MMXI
Pousaram-se as taças de champanhe, apagaram-se os foguetes que iluminaram os céus do mundo inteiro, passaram já os genéricos das Galas e programas especiais que as TVs prepararam para a ocasião, calaram-se os últimos acordes dos concertos alusivos, desapareceu até o tapete de confetti que cobriu os espaços das muitas festas de reveillon com preços à medida da carteira de cada um.
Quase tão fugaz como os beijos que se trocaram com os sentidos votos de um feliz ano novo ou como os desejos encorpados nas uvas passas que acompanharam cada uma das doze badaladas da meia-noite, a passagem de ano parece uma memória remota e são já vários os dias que, céleres, correram a dar corpo ao novo ano ainda titubeante.
Tanto mais que, adornado pelo fim-de-semana que lhe deu as boas-vindas, 2011 entrou de mansinho, quase envergonhado, tão temeroso de se assumir em pleno como muitos parecem estar com as ameaças que o mesmo promete carregar no seu seio.
Neste novo ano temos muito mais à nossa espera que os habituais aumentos de ocasião, da água, da luz, dos transportes, das portagens, das telecomunicações, dos bens essenciais e de todos os demais, assim seja também ultrapassada a época das promoções, das reduções e dos saldos que agora se avizinha.
Há cortes de vencimentos na função pública. Há aumentos contidos na generalidade do sector privado. Há um aumento simbólico de 10 Euros no salário mínimo nacional.
Há reduções das prestações sociais e, em alguns casos, um maior rigor na continuidade da sua atribuição e no acesso às mesmas.
Há aumento do IVA e, por arrastamento, da quase generalidade dos bens e serviços. Há aumento dos impostos sobre o rendimento. E mais aumentos dos impostos sobre o rendimento por via da redução dos limites das deduções. E mais aumentos das contribuições para a segurança social com a entrada em vigor do novo Código Contributivo.
E podem subir os juros. E pode voltar a subir o petróleo e com ele os combustíveis e, quem sabe, novamente os transportes públicos.
E todos aguardamos para saber se os primeiros dados da execução orçamental do novo ano não vão trazer consigo o convite à propalada intervenção do FMI ou, o que considero mais provável, à assunção mais expressa por parte dos líderes e das instâncias europeias da condução das principais decisões da política nacional que já protagonizaram em 2010. Chegará o PEC4?
Há, também, natural expectativa para saber se o Presidente reeleito fará então recurso pleno aos poderes de que ainda dispõe no actual quadro constitucional, seja para tomar as rédeas de uma futura solução de “emergência nacional” ou para devolver a voz aos eleitores, permitindo-lhes remendar o clamoroso erro de Setembro de 2009 ou confirmar a sua vocação masoquista.
Na economia, bem o sabemos, continuará o despudorado retardar dos prazos de pagamento – com o Estado e os organismos públicos na liderança dos maus exemplos -, manter-se-ão as dificuldades de acesso ao crédito, suceder-se-ão, talvez a um ritmo ainda mais intenso, os despedimentos e as falências, dando corpo à conjuntura depressiva que as políticas públicas e a pertinente retracção do consumo privado seguramente vão acarretar.
A economia paralela prosseguirá a sua rota ascendente, confirmando a tendência terceiro-mundista deste jardim à beira-mar plantado.
Na sociedade, agravar-se-ão as tensões laborais e continuarão a crescer os níveis de pobreza e de fragilidade económica de diversas franjas da população, tantas vezes atenuados apenas por meros discursos espúrios de circunstância, sem qualquer correspondência na acção concreta de quem tem o poder de mudar o destino de um número tão significativo de famílias e cidadãos.
Com elevada probabilidade, aumentarão os níveis de insegurança e criminalidade, manter-se-á a tendência para a generalização das práticas de corrupção aos diferentes quadrantes da sociedade, para o crescente descrédito nas instituições e para a perda de valores essenciais da nossa existência colectiva ou para os padrões de conduta individuais.
Ainda assim, por mais negras que sejam as nuvens que já carregam os horizontes dos nossos dias, eu continua a acreditar que este vai ser um grande ano, em todas as frentes.
Com especial responsabilidade e bom-senso, determinação, espírito de sacrifício, ambição, coragem, capacidade de trabalho e criatividade, acredito que é possível edificar a ruptura positiva de que Portugal tanto precisa e que nos pode garantir o sucesso individual possível.
Porque, como escreveu um dos actuais candidatos Presidenciais quando fazia aquilo que faz melhor, “mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!”
Quase tão fugaz como os beijos que se trocaram com os sentidos votos de um feliz ano novo ou como os desejos encorpados nas uvas passas que acompanharam cada uma das doze badaladas da meia-noite, a passagem de ano parece uma memória remota e são já vários os dias que, céleres, correram a dar corpo ao novo ano ainda titubeante.
Tanto mais que, adornado pelo fim-de-semana que lhe deu as boas-vindas, 2011 entrou de mansinho, quase envergonhado, tão temeroso de se assumir em pleno como muitos parecem estar com as ameaças que o mesmo promete carregar no seu seio.
Neste novo ano temos muito mais à nossa espera que os habituais aumentos de ocasião, da água, da luz, dos transportes, das portagens, das telecomunicações, dos bens essenciais e de todos os demais, assim seja também ultrapassada a época das promoções, das reduções e dos saldos que agora se avizinha.
Há cortes de vencimentos na função pública. Há aumentos contidos na generalidade do sector privado. Há um aumento simbólico de 10 Euros no salário mínimo nacional.
Há reduções das prestações sociais e, em alguns casos, um maior rigor na continuidade da sua atribuição e no acesso às mesmas.
Há aumento do IVA e, por arrastamento, da quase generalidade dos bens e serviços. Há aumento dos impostos sobre o rendimento. E mais aumentos dos impostos sobre o rendimento por via da redução dos limites das deduções. E mais aumentos das contribuições para a segurança social com a entrada em vigor do novo Código Contributivo.
E podem subir os juros. E pode voltar a subir o petróleo e com ele os combustíveis e, quem sabe, novamente os transportes públicos.
E todos aguardamos para saber se os primeiros dados da execução orçamental do novo ano não vão trazer consigo o convite à propalada intervenção do FMI ou, o que considero mais provável, à assunção mais expressa por parte dos líderes e das instâncias europeias da condução das principais decisões da política nacional que já protagonizaram em 2010. Chegará o PEC4?
Há, também, natural expectativa para saber se o Presidente reeleito fará então recurso pleno aos poderes de que ainda dispõe no actual quadro constitucional, seja para tomar as rédeas de uma futura solução de “emergência nacional” ou para devolver a voz aos eleitores, permitindo-lhes remendar o clamoroso erro de Setembro de 2009 ou confirmar a sua vocação masoquista.
Na economia, bem o sabemos, continuará o despudorado retardar dos prazos de pagamento – com o Estado e os organismos públicos na liderança dos maus exemplos -, manter-se-ão as dificuldades de acesso ao crédito, suceder-se-ão, talvez a um ritmo ainda mais intenso, os despedimentos e as falências, dando corpo à conjuntura depressiva que as políticas públicas e a pertinente retracção do consumo privado seguramente vão acarretar.
A economia paralela prosseguirá a sua rota ascendente, confirmando a tendência terceiro-mundista deste jardim à beira-mar plantado.
Na sociedade, agravar-se-ão as tensões laborais e continuarão a crescer os níveis de pobreza e de fragilidade económica de diversas franjas da população, tantas vezes atenuados apenas por meros discursos espúrios de circunstância, sem qualquer correspondência na acção concreta de quem tem o poder de mudar o destino de um número tão significativo de famílias e cidadãos.
Com elevada probabilidade, aumentarão os níveis de insegurança e criminalidade, manter-se-á a tendência para a generalização das práticas de corrupção aos diferentes quadrantes da sociedade, para o crescente descrédito nas instituições e para a perda de valores essenciais da nossa existência colectiva ou para os padrões de conduta individuais.
Ainda assim, por mais negras que sejam as nuvens que já carregam os horizontes dos nossos dias, eu continua a acreditar que este vai ser um grande ano, em todas as frentes.
Com especial responsabilidade e bom-senso, determinação, espírito de sacrifício, ambição, coragem, capacidade de trabalho e criatividade, acredito que é possível edificar a ruptura positiva de que Portugal tanto precisa e que nos pode garantir o sucesso individual possível.
Porque, como escreveu um dos actuais candidatos Presidenciais quando fazia aquilo que faz melhor, “mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!”
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