O nosso Dia da Europa
Desde 1986, a União Europeia assinala no dia 9 de Maio o “Dia da Europa” com um conjunto de iniciativas que visam reforçar a identidade europeia e aproximar os cidadãos dos valores e das instituições da União.
Em concreto, esta efeméride assinala a data em que o então Ministro Francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, apresentou em 1950 as bases de um projecto equivalente ao que hoje configura a União Europeia, naquela que foi a primeira proposta estruturada a dar sequência às ideias antes avançadas por Jean Monnet.
Como é sabido, os Portugueses sempre foram dos povos mais pró-europeístas de entre todos os que habitam nos Estados-membros da União, segundo os dados evidenciados pelos sucessivos Eurobarómetros produzidos pela Comissão Europeia.
Todavia, no último estudo do género, divulgado em Fevereiro de 2011, apenas 50% dos Portugueses inquiridos diziam confiar na União Europeia. Ainda assim, Portugal era o 5º País com mais alto grau de confiança na União de entre os que compunham a Europa dos 15, sendo porém largamente ultrapassado neste inquérito pela quase generalidade dos países do Leste Europeu que tiveram a sua adesão no passado recente.
Ora, pode considerar-se que este é um fenómeno natural e que, perante o cenário de dificuldades com que hoje se confrontam alguns dos Estados-membros, a União deixe de aí ser perspectivada como uma fonte de apoios, benesses e factores de desenvolvimento, para serem enaltecidas questões como a rigidez das suas regras, a homogeneização de políticas, a imposição de uma superior disciplina orçamental e não só e a sua incapacidade para resolver por si os problemas económicos e sociais dos diferentes países e cidadãos Europeus.
De igual forma, parece também natural que seja nos países com maiores debilidades económicas e financeiras que os potenciais novos alargamentos registem a maior quebra de popularidade, como mais uma vez se verificou na Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.
Seja como for, nas actuais circunstâncias, é de estranhar que o Governo não tenha promovido uma campanha de mobilização nacional, tal como os territórios ocupados costumavam fazer para apaziguar a possível ira dos invasores, em que se apelasse à colocação de um bandeira da União Europeia nas janelas das casas e em cada praça das nossas cidades, devidamente acompanhada por marchas simbólicas em que as crianças das escolas agitassem a bandeira estrelada sobre fundo azul, enquanto envergavam t-shirts com a palavra “Obrigado”, escrita nas diferentes línguas dos Estados-membros da União Europeia.
Bem pelo contrário, ao saber que foram os representantes das instituições europeias aqueles que exigiram um superior grau de sacrifícios e de medidas disciplinadoras do descontrolo orçamental do Estado Português – mais até do que o temível Fundo Monetário Internacional –, o ainda Primeiro-Ministro aproveitou para exibir a sua recorrente faceta despudorada e artificial, achincalhando os financiadores e procurando enganar ostensivamente os Portugueses.
Ao invés de assumir o papel de gestor de um país salvo da bancarrota pela ajuda externa e de fazer publicamente o seu acto de contrição e arrependimento pela forma como conduziu Portugal a este degradante estado de coisas em apenas 6 anos de governação, José Sócrates encostou fanfarrão o palito ao canto da boca, perguntou ao Luís qual era o lado que o favorecia mais e, apesar da verdadeira “tareia” que o País está a levar, exclamou: “- Ainda querem mais?” Ou, como diria o saudoso Jorge Coelho, “- Quem se mete com o PS, leva!”
Ao seu lado, mudo e quedo, o antigo fiel escudeiro perdia-se já não entre os números do Orçamento e dos PECs mas entre as frases do teleponto, hesitando entre rir, chorar ou corar de vergonha.
Nos dias que se seguiram, os membros da Troika e vários líderes europeus fizeram questão de lembrar que ao arrastar até ao limite (ou para lá dele) o pedido de ajuda externa, o Governo Português agravara exponencialmente os riscos financeiros do País e os custos do processo de reestruturação orçamental, de que resultaram medidas mais gravosas do que as que constavam do PEC IV, reprovado (e bem) na Assembleia da República face à manifesta incapacidade que o mesmo evidenciava para dar resposta cabal aos problemas do País.
Mais, contrapuseram ao discurso triunfal e de facilidades sempre presente na boca de José Sócrates o apelo ao cumprimento escrupuloso das duras medidas consagradas no Memorando de Entendimento, alertando para a recessão prolongada, para o aumento do desemprego e para os múltiplos sacrifícios com que os Portugueses terão que viver os anos mais próximos.
Já esta semana, o líder do Partido Socialista voltava a ser tema de artigos de opinião do Financial Times, em que se enfatizava o seu apego pelas inverdades e a sua péssima gestão da crise, questionando-se mesmo se a União Monetária pode sobreviver com políticos deste calibre.
Por cá, José Sócrates e o PS continuam a vender a ideia de que, com eles, Portugal será capaz de vencer a Europa. A Liga Europa, seguramente…
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