A hora dos Empresários
"Nunca o país, desde 1974, precisou tanto do contributo dos empresários privados para vencer a crise em que nos encontramos".
Tal como foram transcritas em vários órgãos de comunicação social, estas terão sido as palavras proferidas pelo Presidente da República, Cavaco Silva, no final de um encontro com 56 figuras do mundo empresarial e académico da região Norte, que teve lugar no passado Sábado.
Mas o Presidente da República voltou a puxar dos seus galões de economista para acrescentar algum pragmatismo ao repto antes lançado. Assim, Cavaco Silva pediu aos empresários para “fazerem um esforço acrescido para continuarem a investir” e para “procurarem, eventualmente fora da Europa, mercados para colocar os seus produtos”, nunca descurando a “aposta na qualidade e na inovação".
Numa altura em que o País ostenta, mais que as feridas abertas de uma crise financeira - que, independentemente da conjuntura e das afinidades, tem raízes predominantemente domésticas -, as cicatrizes de um processo estrutural de perda de competitividade e potencial de crescimento, este discurso suscita várias reflexões.
Comecemos pelo óbvio: mais do que um problema orçamental na esfera pública, o País no seu todo atingiu um grau tal de endividamento e de quebra na poupança colectiva que a sua sustentabilidade futura exigirá uma enorme disciplina financeira a todos os agentes económicos (quer na gestão dos recursos de que dispõem, quer na componente de gestão dos créditos antes contraídos, sempre que os mesmos carecerem de uma renovação que não se vai revelar facilitada).
Neste contexto, todas as possibilidades de impulso ao crescimento económico do País por via de aumentos lineares da Despesa serão praticamente inexistentes: o Estado tem que emagrecer e cortar desperdícios na despesa corrente e racionalizar a sério os investimentos públicos, privilegiando aqueles que tiverem efeitos reprodutivos na economia ou que assegurem melhorias críticas do bem-estar dos cidadãos; os particulares verão o seu rendimento disponível reduzir-se significativamente (pelo aumento do desemprego, pelo aumento dos impostos, pelo corte em regalias sociais, pelo aumento dos juros, …) vendo-se forçados a contrair o consumo; mesmo as empresas terão algumas dificuldades em aumentar o nível de investimento por via das restrições existentes no acesso ao crédito.
Sobra, pois, a componente da Balança Comercial, com vários factores a onerarem as nossas importações (com um custo em alta e com uma forte rigidez face ao padrão de activos que as compõem) e com uma contínua perda de competitividade das nossas exportações (pese embora o notável esforço de reestruturação sectorial que as mesmas ilustram nas últimas décadas).
Neste cenário, poderíamos porventura deitar a “toalha ao chão” ou optar por olhar para vários exemplos, internos e externos, de circunstâncias em que foi possível contornar o aparente fatalismo da História.
E, nesta segunda hipótese, os empresários têm um papel verdadeiramente crucial, no rigor, na qualidade da gestão, no planeamento, na visão estratégica, na mobilização dos seus recursos (materiais, imateriais e humanos), para que muitos parecem não estar preparados.
Se se exige que o Estado remova os entraves à normal actividade económica (entre outros aspectos, criando bases legais estáveis e claras nos diversos domínios, dando eficácia à Justiça e à Administração Pública ou cumprindo com os seus prazos de pagamento), não podemos alimentar uma lógica de mero proteccionismo ou assistencialismo público.
Se se precisa de um esforço e entrega acrescido dos colaboradores e, até, de uma maior flexibilidade no mercado laboral e nos vários domínios concomitantes, é preciso desenvolver políticas de motivação do seu desempenho, de real reforço das suas competências e de protecção nos casos de eventuais dificuldades circunstanciais.
E precisamos, claro, de verdadeiros empresários, socialmente responsáveis, arrojados mas conscientes, com horizontes alargados (muito para lá das fronteiras do nosso quintal), com espírito empreendedor e capacidade de inovação, com uma visão de médio longo prazo e com uma forte capacidade de motivação e congregação de esforços e capacidades.
No fundo, empresários que saibam ser o modelo de referência para aquilo de que as suas empresas, os seus sectores de actividade, as suas regiões e o País verdadeiramente precisam para voltarem aos trilhos do sucesso.
Tal como foram transcritas em vários órgãos de comunicação social, estas terão sido as palavras proferidas pelo Presidente da República, Cavaco Silva, no final de um encontro com 56 figuras do mundo empresarial e académico da região Norte, que teve lugar no passado Sábado.
Mas o Presidente da República voltou a puxar dos seus galões de economista para acrescentar algum pragmatismo ao repto antes lançado. Assim, Cavaco Silva pediu aos empresários para “fazerem um esforço acrescido para continuarem a investir” e para “procurarem, eventualmente fora da Europa, mercados para colocar os seus produtos”, nunca descurando a “aposta na qualidade e na inovação".
Numa altura em que o País ostenta, mais que as feridas abertas de uma crise financeira - que, independentemente da conjuntura e das afinidades, tem raízes predominantemente domésticas -, as cicatrizes de um processo estrutural de perda de competitividade e potencial de crescimento, este discurso suscita várias reflexões.
Comecemos pelo óbvio: mais do que um problema orçamental na esfera pública, o País no seu todo atingiu um grau tal de endividamento e de quebra na poupança colectiva que a sua sustentabilidade futura exigirá uma enorme disciplina financeira a todos os agentes económicos (quer na gestão dos recursos de que dispõem, quer na componente de gestão dos créditos antes contraídos, sempre que os mesmos carecerem de uma renovação que não se vai revelar facilitada).
Neste contexto, todas as possibilidades de impulso ao crescimento económico do País por via de aumentos lineares da Despesa serão praticamente inexistentes: o Estado tem que emagrecer e cortar desperdícios na despesa corrente e racionalizar a sério os investimentos públicos, privilegiando aqueles que tiverem efeitos reprodutivos na economia ou que assegurem melhorias críticas do bem-estar dos cidadãos; os particulares verão o seu rendimento disponível reduzir-se significativamente (pelo aumento do desemprego, pelo aumento dos impostos, pelo corte em regalias sociais, pelo aumento dos juros, …) vendo-se forçados a contrair o consumo; mesmo as empresas terão algumas dificuldades em aumentar o nível de investimento por via das restrições existentes no acesso ao crédito.
Sobra, pois, a componente da Balança Comercial, com vários factores a onerarem as nossas importações (com um custo em alta e com uma forte rigidez face ao padrão de activos que as compõem) e com uma contínua perda de competitividade das nossas exportações (pese embora o notável esforço de reestruturação sectorial que as mesmas ilustram nas últimas décadas).
Neste cenário, poderíamos porventura deitar a “toalha ao chão” ou optar por olhar para vários exemplos, internos e externos, de circunstâncias em que foi possível contornar o aparente fatalismo da História.
E, nesta segunda hipótese, os empresários têm um papel verdadeiramente crucial, no rigor, na qualidade da gestão, no planeamento, na visão estratégica, na mobilização dos seus recursos (materiais, imateriais e humanos), para que muitos parecem não estar preparados.
Se se exige que o Estado remova os entraves à normal actividade económica (entre outros aspectos, criando bases legais estáveis e claras nos diversos domínios, dando eficácia à Justiça e à Administração Pública ou cumprindo com os seus prazos de pagamento), não podemos alimentar uma lógica de mero proteccionismo ou assistencialismo público.
Se se precisa de um esforço e entrega acrescido dos colaboradores e, até, de uma maior flexibilidade no mercado laboral e nos vários domínios concomitantes, é preciso desenvolver políticas de motivação do seu desempenho, de real reforço das suas competências e de protecção nos casos de eventuais dificuldades circunstanciais.
E precisamos, claro, de verdadeiros empresários, socialmente responsáveis, arrojados mas conscientes, com horizontes alargados (muito para lá das fronteiras do nosso quintal), com espírito empreendedor e capacidade de inovação, com uma visão de médio longo prazo e com uma forte capacidade de motivação e congregação de esforços e capacidades.
No fundo, empresários que saibam ser o modelo de referência para aquilo de que as suas empresas, os seus sectores de actividade, as suas regiões e o País verdadeiramente precisam para voltarem aos trilhos do sucesso.
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