quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Farol


Um FAROL é uma estrutura elevada e bem visível no topo da qual se coloca uma luz que serve de ajuda à navegação.

No turbilhão das sociedades modernas, em que os acontecimentos se sucedem a uma velocidade vertiginosa, amplificada pelos avanços das telecomunicações e pelo progressivo acesso a um volume infindável de informação em tempo-real, importa manter um sentido de orientação estratégica, uma linha de rumo e uma capacidade de antecipação do futuro que se pode revelar crucial para a sobrevivência dos mais fortes.
Tal como acontecia desde os Tempos Antigos, cumpre aos melhores de entre os melhores, empregar as suas capacidades em prol do Grupo, antecipar tendências, identificar sinais, apontar prioridades e caminhos para o desenvolvimento.
Em qualquer circunstância, este exercício de luta contra a inércia e a acomodação tem que ter como epicentro o Homem, os seus problemas, os desafios que a sua envolvente e a sua própria actuação lhe colocam, proporcionando uma reflexão pragmática que possa aportar valor a todos.
Tal esforço não poderá descurar qualquer das vertentes da existência Humana, seja enquanto actor – que age, reage e interage no/ao/com o seu meio -, seja enquanto objecto – destinatário último das políticas, das intervenções regulamentares e dos comportamentos de todos quantos o rodeiam -, seja enquanto motor da evolução e do desenvolvimento da espécie e das sociedades.
A existência de tal lacuna de um espaço de reflexão construtiva, da necessidade de reunião de um Conselho de Sábios que se debruce sobre o Homem e o seu habitat – natural, social, cultural, económico, etc. – observa-se, quer no contexto global, quer nos diferentes sub-domínios que possam ser definidos, no plano geográfico, legal, político, formal ou outro.
Em cada um desses níveis, é possível identificar problemas específicos a que cabe dar resposta, relevantes desígnios que cumpre prosseguir e cidadãos e/ou instituições que não podem alijar a responsabilidade de protagonizar tal desafio.
Numa sociedade como a Portuguesa, em que é raro assistir-se a verdadeiros exercícios de cidadania activa e em que os movimentos pontualmente instituídos rapidamente soçobram à falta de determinação, convicções ou disponibilidade dos seus promotores, mais estas reflexões parecem pertinentes.
Em especial numa conjuntura como a actual, em que muitos parecem querer ceder à tentação fácil da resignação e outros tantos privilegiam a crítica sem cariz construtivo, mais é de louvar o aparecimento de um projecto como aquele que a Deloitte promoveu e agora tornou público, como forma de assinalar o seu 40º aniversário no nosso País.
O projecto Farol, cuja missão consiste na criação de um espaço de reflexão pública sobre um conjunto de matérias que contendam com diferentes aspectos da vida do Homem e que se perfilem como relevantes numa abordagem de médio e longo prazo.
Tomando como Ambição “colocar Portugal na linha da frente do desenvolvimento” e como dimensões críticas a “coesão”, uma “nova cidadania”, a “cultura”, a “educação”, a “globalização”, o “financiamento da economia” e as “reformas do Estado”, os promotores do Projecto Farol entendem que “urge mobilizar a sociedade para dar corpo a uma ambição que perpassa transversalmente por todos nós”.
Quer pela relevância dos assuntos que pretende abordar, quer pelo gabarito das personalidades que envolve, o FAROL poderá vir a ser um guia e um elemento norteador da actuação das elites, sejam as mesmas entidades públicas ou agentes e instituições do sector privado que se queiram posicionar na vanguarda do processo de desenvolvimento.
Por todas estas razões, seja pela valia dos seus colaboradores, seja pelo trabalho que produziram e podem vir a produzir, o FAROL assume-se como um núcleo de referência a nível nacional, cujas reflexões poderão quase ser tidas como incontestáveis para o comum dos cidadãos e cuja filiação possa ser ambicionada por todos os demais.
Tal como se pode ler no Manifesto do Projecto, “a dimensão única das transformações operadas [em Portugal] é facilmente avaliada pela referência ao facto de termos assistido à queda de um regime ditatorial com cerca de meio século de vida, ao fim de um império colonial de cinco séculos e à posterior integração plena na União Europeia. Estes dois últimos passos trilhados por acção de um processo político que levou à sedimentação de um regime democrático que tem protagonizado um rápido trajecto até uma fase mais madura de existência, como aquela que hoje evidencia”.
Todavia, “existe a percepção de que, uma vez dados estes grandes passos, ficam por operar na sociedade portuguesa transformações profundas que, pela sua natureza, exigem uma visão partilhada e a adopção de políticas com uma matriz temporal de realização a longo prazo. Esta ingente tarefa só poderá ser alcançada com o contributo de todos, num esforço colectivo com um evidente alcance nas futuras gerações”.
Assim, “tendo-nos faltado uma visão prospectiva sobre o futuro, é necessária, agora e mais do que nunca, uma estratégia que nos vá servindo, ao longo dos anos, de padrão e de … farol.

Sem comentários: