terça-feira, 10 de março de 2009

"O" Economia


No passado Domingo voltou a assinalar-se o Dia Internacional da Mulher, numa altura em que para muitas das visadas esta efeméride é já desnecessária e em que outras tantas continuam a considerar estarem longe de ser cumpridos os objectivos que presidiram à sua instituição, com vista à promoção de uma verdadeira igualdade de género, nos diferentes domínios de intervenção da esfera social, cultural, política e, obviamente, económica.
E, em verdade, qualquer das abordagens pode estar correcta, porque tal como acontece em várias outras facetas da nossa sociedade nos tempos modernos, a realidade é cada vez mais dicotómica e assimétrica.
Assim, podemos claramente evidenciar um número crescente de mulheres que registaram uma fulgurante ascensão social, no sentido em que assumiram papéis de crescente responsabilidade ou liderança nos meios associativos, empresariais, profissionais ou políticos (Portugal pode, até, voltar a ter uma Primeira-Ministra duas décadas depois de Maria de Lurdes Pintassilgo).
Ao mesmo tempo, porém, continua a perpassar a preocupação com as inúmeras desvantagens que recaem sobre as trabalhadoras do sexo feminino, ao nível das oportunidades de emprego, das perspectivas de carreira ou dos níveis de remunerações, sendo também as mulheres as vítimas mais frequentes de um sem número de patologias sociais. E esta realidade continua a ser manifestamente dominante.
Daí que, qualquer que seja a perspectiva utilizada, há que reconhecer alguma lentidão no caminho para a “paridade sexual” também nos vários domínios da intervenção na economia, um sector que continua especialmente masculino.
A nível internacional, estudos apontam para que as mulheres ainda constituam mais de 70% do total de pobres no mundo, enquanto que dados da Organização Internacional de Trabalho demonstram que o sexo feminino tem ganho um peso crescente na População Activa Mundial.
Para tal, muito contribuíram quer a revolução cultural dos anos 60/70 e o maior acesso à educação por parte das mulheres, quer o aproveitamento dos menores salários e níveis de protecção social das mulheres trabalhadoras nos países em vias de desenvolvimento, que hoje asseguram a competitividade das indústrias de mão-de-obra intensiva desses países.
Ainda neste domínio, os dados internacionais apontam para que a população feminina seja a mais atingida em períodos de recessão e aumento de desemprego. Em Portugal, os recentes dados do INE – Instituto Nacional de Estatística, relativos às taxas de desemprego no último trimestre de 2008, demonstravam que a taxa de desemprego das mulheres atingia os 8,9% contra 6,8% na população masculina.
Por razões de índole social e familiar, as mulheres tendem a optar mais por trabalhos em regime temporário e, até, a demonstrarem um maior nível de empreendedorismo.
Esta é também uma tendência comprovada no nosso país, onde proliferam as associações representativas de mulheres empresárias e onde se regista o maior ascendente feminino na participação no emprego do conjunto dos países da União Europeia (UE).
Segundo dados da UE, o emprego feminino por conta própria ainda se cifra muito abaixo dos 40% do total na Europa (contra um número bem superior nos Estados Unidos), registando uma taxa de crescimento igualmente mais lenta no nosso continente.
Em resposta a estas estatísticas, a Direcção-Geral da Empresa da UE desenvolveu há já vários anos o projecto Best sobre a "Promoção do espírito empresarial feminino", visando o intercâmbio de informações entre os Estados-membros em matéria de boas práticas neste domínio.
Segundo os responsáveis da Comissão Europeia, esta é uma aposta prioritária para que a Europa atinja os objectivos definidos na Cimeira de Lisboa, tendo em conta que “o potencial criativo e empresarial das mulheres constitui uma fonte latente de crescimento económico e de novos empregos”.
Também a nível nacional, é frequente depararmo-nos com acções de formação especialmente destinadas ao fomento do empreendedorismo feminino, no quadro do novo Programa Operacional do Potencial Humano.
Daí que, com mão de ferro ou com sensibilidade e instinto, esta seja uma tendência com fortes perspectivas de consolidação no futuro próximo...

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