segunda-feira, 17 de março de 2008

O modelo ATEC


Circunstâncias de natureza profissional levaram-me a conhecer há relativamente poucos meses a ATEC – Academia de Formação, uma entidade com personalidade jurídica autónoma mas que se encontra intimamente ligada às suas entidades promotoras: o Grupo Volkswagen Autoeuropa, a Siemens, a Bosch e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã.
Mais do que um departamento de formação dirigido a este conjunto de empresas, o que se poderia intuir do facto de as actuais instalações da ATEC coincidirem com as das suas promotoras (em Palmela, junto à Autoeuropa; em Perafita, junto à Siemens; e, a breve prazo, em Aveiro, onde se encontra sedeada a Bosch), esta Academia de Formação cedo assumiu uma orientação de mercado, enquanto prestadora de serviços ao exterior, estabelecendo parcerias com outras entidades e procurando captar um público de formandos cada vez mais alargado.
Em todo o caso, o elemento distintivo fundamental da ATEC é precisamente a fortíssima ligação ao meio empresarial, quer na vertente formativa, quer pela lógica da progressiva integração profissional dos jovens, quer pela capacidade de interagir com as reais necessidades das entidades que procedem a acções de recrutamento, desde a formatação dos cursos até à fase de colocação dos formandos.
É assim que a ATEC dispõe de uma alargada base de entidades e empresas parceiras que colaboram activamente na formação de jovens no sistema de formação em alternância, acolhendo os formandos no período de Formação Prática em Empresa, num sistema especialmente valorizado pela ATEC porquanto permite a formação e o desenvolvimento, com qualificações específicas, de técnicos especializados à medida das empresas.
Como é natural, este sistema tem ainda a vantagem de facilitar uma futura inserção do formando nos quadros da empresa, através da identificação do formando com a política e com a cultura da empresa desde a fase inicial da sua formação.
Esta orientação prática que se evidenciou desde a sua origem, há apenas quatro anos, é igualmente visível nas áreas de formação disponibilizadas, onde se conjugam as habituais temáticas do ambiente, comportamental, comercial, línguas, qualidade ou segurança, com vertentes como a automação, a domótica, a electrónica, a maquinação ou os sistemas informáticos, para lá de outros domínios de natureza técnica de cariz mais tradicional.
No que respeita aos sistemas informáticos, por exemplo, mais do que a mera disponibilização de conceitos de suporte à utilização da informática na óptica do utilizador, a ATEC faculta o acesso a algumas das mais relevantes certificações internacionais (como a CISCO e a Microsoft) o que eleva exponencialmente a fasquia de empregabilidade dos recursos humanos envolvidos.
Neste e noutros domínios, aliás, a ATEC tem enveredado o trilho do estabelecimento de parcerias com entidades de ensino superior, com vista à convalidação de algumas das formações ministradas e visando facilitar o acesso dos seus formandos à formação superior de tais entidades.
No conjunto da sua actividade, que é também reforçada pela vertente de consultoria empresarial, esta Academia de Formação disponibiliza uma ampla oferta formativa de cursos para jovens de várias profissões, de nível III a V, com especial predominância para os cursos que conferem dupla certificação, escolar e profissional, a que junta acções de formação contínua para actualização e aperfeiçoamento dos activos das empresas, destinados aos mais diversos grupos profissionais, quer se trate de cursos para Executivos, para os níveis Técnicos ou para Operadores.
Quando há algumas semanas apelava neste espaço a uma nova abordagem para a formação profissional no nosso Pais, com vista à efectiva concretização dos objectivos de qualificação do nosso tecido produtivo e a um melhor aproveitamento dos recursos financeiros disponibilizados pela União Europeia, este era necessariamente um dos modelos de gestão que tinha em mente.
De facto, confesso que uma das primeiras questões que me coloquei quando conheci em profundidade a realidade da ATEC foi se não haveria espaço para uma entidade desta natureza, com este tipo de abordagem ao processo formativo, na região de Braga.
Hoje, após ouvir a opinião de alguns dos potenciais parceiros que teriam que estar forçosamente envolvidos neste projecto, não me restam muitas dúvidas de que não haverá grandes condições para a sua concretização no futuro próximo.
Todavia, não deixa de ser curioso que a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Distrito de Braga tenha apresentado como prioritária a ideia de criação de uma escola de formação profissional para o Vale do Ave e que esse pareça ser o principal projecto que a Câmara de Guimarães quer ver financiado no âmbito do QREN.
Teremos uma nova ATEC a caminho do berço da Nação?

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