Portugal na lama
Qualquer gestor sabe que um dos elementos fundamentais de um projecto empresarial de sucesso pode bem ser a correcta gestão da marca da sua empresa ou dos seus produtos ou serviços.
Aliás, o mesmo conceito se aplica a diversas organizações sem fins lucrativos, aos partidos políticos ou até a indivíduos de um vasto leque de actividades profissionais, sejam elas artísticas ou técnicas.
Assegurar que uma marca é conhecida, apreciada, respeitada e que se mantém portadora de todo um conjunto de atributos que mais reforçam e atestam da sua valia não é tarefa fácil, sendo normalmente o resultado de um esforço continuado no tempo e sustentado em certa estratégia.
Todavia, como em tantas coisas na vida, a delapidação do património de uma marca é bem mais fácil e célere que o processo que conduziu à sua afirmação, podendo mesmo resumir-se a um incidente de um instante cujos danos podem ser dificilmente reparáveis ou mesmo irreversíveis.
Há, porém, excepções a estes princípios, sendo o mundo do desporto especialmente propenso à existência de processos de regeneração acelerada. Afinal, quantas não são as personagens que actuam neste palco que não passam pelo carrossel de emoções que transforma as bestas de um dia nos bestiais do dia seguinte e vice-versa?
Mesmo dando esse desconto, a verdade é que aquilo que se está a passar ao nível da Federação Portuguesa de Futebol, e com especial ênfase na Selecção Nacional sénior, é bem merecedor do título de capa de um dos jornais desportivos na edição do dia que se seguiu ao vergonhoso empate com a Selecção de Chipre: “E ninguém vai preso!”
À actual equipa dirigente da Federação, cujo Presidente exerce funções há já 14 anos – um recorde na centenária história da instituição -, podem assacar-se várias críticas pela forma como tem pactuado com os principais dislates administrativos do futebol nacional, pelo parco investimento no futebol de formação, pelas contínuas incongruências em matéria de justiça e disciplina, pela falta de qualificação da arbitragem e do dirigismo (cuja renovação, por razões óbvias, nunca foi também um objectivo a prosseguir).
Ainda assim, há um mérito que não lhe pode ser negado: neste período, Portugal viveu o mais extenso período de sucesso do futebol nacional, com consecutivas qualificações para as principais provas internacionais, com o registo de classificações meritórias nestas, com a projecção de jogadores e treinadores para níveis de mediatismo de escala planetária, com a celebração de chorudos contratos de sponsorização e a obtenção de vultuosos cachets pela participação em meros amigáveis.
Em suma, ainda que beneficiando de uma série de circunstâncias externas (como a notoriedade individual dos atletas e o trabalho dos clubes) e tendo adquirido estranhos tiques burgueses (próprios do novo-riquismo reinante), a Federação construiu uma marca – a Selecção Nacional – com ganhos financeiros efectivos em diferentes domínios e com um benefício imaterial não despiciendo sobre a própria auto-estima do País.
No período mais recente – desde a qualificação para o último Mundial -, Portugal começou por perder a força da marca dentro de campo, substituindo um futebol atractivo que nos facultou o título de Brasil da Europa (antes mesmo dos processos de naturalização de jogadores) por exibições amorfas, excessivamente calculistas e entediantes.
Fora de campo, a Federação já demonstrara que não era muito dada a exercícios de liderança quando se escusou a criticar sequer um Seleccionador que tentou agredir um adversário no relvado numa partida oficial. Daí a tolerar os enxovalhos a uma equipa de profissionais da ADOP no famigerado controlo anti-doping da Covilhã vai uma curta distância, em mais uma demonstração triste dos padrões que se querem incutir aos praticantes e adeptos da modalidade.
Em linha com as boas práticas nacionais, o que antes era um pormenor infeliz pode agora tornar-se um bom pretexto para consumar uma decisão que a dita Direcção da Federação devia ter tomado imediatamente após o Mundial, apenas em função do desempenho desportivo.
De Selecção com lugar cativo no Top-10 da FIFA, Portugal passou rapidamente a objecto de caricatura e enxovalho no plano internacional, tendo já posto seriamente em risco a sua participação no próximo Europeu de Futebol.
A Agostinho Oliveira, Carlos Queiroz e outros que tais, resta invocar a máxima do Velho Capitão benfiquista Mário Wilson: “- Quem dá o que sabe, a mais não é obrigado…”
A Queiroz, porém, reconheça-se a capacidade visionária: há quase duas décadas, bateu com a porta da Selecção com palavras que hoje se revelam plenamente actuais: “-É preciso limpar a porcaria da Federação!”
Como a participação no Euro já está ameaçada e uma suspensão das competições internacionais nem causa grande mossa, resta apelar ao Secretário de Estado Laurentino Dias que dê alguma utilidade à sua vocação para a ingerência na esfera do movimento associativo: arranje forma de substituir Madaíl e os seus pares. Já! A bem de Portugal…
Aliás, o mesmo conceito se aplica a diversas organizações sem fins lucrativos, aos partidos políticos ou até a indivíduos de um vasto leque de actividades profissionais, sejam elas artísticas ou técnicas.
Assegurar que uma marca é conhecida, apreciada, respeitada e que se mantém portadora de todo um conjunto de atributos que mais reforçam e atestam da sua valia não é tarefa fácil, sendo normalmente o resultado de um esforço continuado no tempo e sustentado em certa estratégia.
Todavia, como em tantas coisas na vida, a delapidação do património de uma marca é bem mais fácil e célere que o processo que conduziu à sua afirmação, podendo mesmo resumir-se a um incidente de um instante cujos danos podem ser dificilmente reparáveis ou mesmo irreversíveis.
Há, porém, excepções a estes princípios, sendo o mundo do desporto especialmente propenso à existência de processos de regeneração acelerada. Afinal, quantas não são as personagens que actuam neste palco que não passam pelo carrossel de emoções que transforma as bestas de um dia nos bestiais do dia seguinte e vice-versa?
Mesmo dando esse desconto, a verdade é que aquilo que se está a passar ao nível da Federação Portuguesa de Futebol, e com especial ênfase na Selecção Nacional sénior, é bem merecedor do título de capa de um dos jornais desportivos na edição do dia que se seguiu ao vergonhoso empate com a Selecção de Chipre: “E ninguém vai preso!”
À actual equipa dirigente da Federação, cujo Presidente exerce funções há já 14 anos – um recorde na centenária história da instituição -, podem assacar-se várias críticas pela forma como tem pactuado com os principais dislates administrativos do futebol nacional, pelo parco investimento no futebol de formação, pelas contínuas incongruências em matéria de justiça e disciplina, pela falta de qualificação da arbitragem e do dirigismo (cuja renovação, por razões óbvias, nunca foi também um objectivo a prosseguir).
Ainda assim, há um mérito que não lhe pode ser negado: neste período, Portugal viveu o mais extenso período de sucesso do futebol nacional, com consecutivas qualificações para as principais provas internacionais, com o registo de classificações meritórias nestas, com a projecção de jogadores e treinadores para níveis de mediatismo de escala planetária, com a celebração de chorudos contratos de sponsorização e a obtenção de vultuosos cachets pela participação em meros amigáveis.
Em suma, ainda que beneficiando de uma série de circunstâncias externas (como a notoriedade individual dos atletas e o trabalho dos clubes) e tendo adquirido estranhos tiques burgueses (próprios do novo-riquismo reinante), a Federação construiu uma marca – a Selecção Nacional – com ganhos financeiros efectivos em diferentes domínios e com um benefício imaterial não despiciendo sobre a própria auto-estima do País.
No período mais recente – desde a qualificação para o último Mundial -, Portugal começou por perder a força da marca dentro de campo, substituindo um futebol atractivo que nos facultou o título de Brasil da Europa (antes mesmo dos processos de naturalização de jogadores) por exibições amorfas, excessivamente calculistas e entediantes.
Fora de campo, a Federação já demonstrara que não era muito dada a exercícios de liderança quando se escusou a criticar sequer um Seleccionador que tentou agredir um adversário no relvado numa partida oficial. Daí a tolerar os enxovalhos a uma equipa de profissionais da ADOP no famigerado controlo anti-doping da Covilhã vai uma curta distância, em mais uma demonstração triste dos padrões que se querem incutir aos praticantes e adeptos da modalidade.
Em linha com as boas práticas nacionais, o que antes era um pormenor infeliz pode agora tornar-se um bom pretexto para consumar uma decisão que a dita Direcção da Federação devia ter tomado imediatamente após o Mundial, apenas em função do desempenho desportivo.
De Selecção com lugar cativo no Top-10 da FIFA, Portugal passou rapidamente a objecto de caricatura e enxovalho no plano internacional, tendo já posto seriamente em risco a sua participação no próximo Europeu de Futebol.
A Agostinho Oliveira, Carlos Queiroz e outros que tais, resta invocar a máxima do Velho Capitão benfiquista Mário Wilson: “- Quem dá o que sabe, a mais não é obrigado…”
A Queiroz, porém, reconheça-se a capacidade visionária: há quase duas décadas, bateu com a porta da Selecção com palavras que hoje se revelam plenamente actuais: “-É preciso limpar a porcaria da Federação!”
Como a participação no Euro já está ameaçada e uma suspensão das competições internacionais nem causa grande mossa, resta apelar ao Secretário de Estado Laurentino Dias que dê alguma utilidade à sua vocação para a ingerência na esfera do movimento associativo: arranje forma de substituir Madaíl e os seus pares. Já! A bem de Portugal…
1 comentário:
(...)E para finalizar ele próprio (Laurentino Dias) se retire, pois contribuiu de forma evidente para que este lamentável episódio assumisse dimensões indesejáveis !!!
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