Once upon a time...
A história das grandes empresas do sector financeiro norte-americano sempre foi um autêntico conto de fadas, recheado de finais predominantemente felizes para todas as suas contrapartes: accionistas, investidores, trabalhadores e para o mercado em geral. As excepções, em cada uma das categorias, não costumavam passar disso mesmo…
Firmas como a Lehman Brothers, a Merryll Linch, a JP Morgan, a Goldman Sachs, o Citigroup e tantas outras cedo se perfilaram como ícones de um modelo económico ou, de uma forma mais abrangente, de todo um estilo de vida.
Em certo sentido, Wall Street - de que se assumiam e assumem como pilares estruturais-, era e é uma ilustração clara do American Dream, enquanto expressão de uma América “terra de oportunidades”.
Através do sistema financeiro e, em particular, do investimento no mercado de capitais, qualquer um poderia construir fortuna, fosse através de ganhos de apostas especulativas mais ou menos alavancadas, fosse através dos enormes bónus atribuídos pelos níveis de rendibilidade alcançados ou pelo volume de activos sob gestão dos profissionais do sector.
A crise do subprime, como vários outros episódios avulsos anteriores, veio alterar radicalmente este estado de coisas e mostrar à vista desarmada as fragilidades do modelo “capitalista”, para gáudio dos ortodoxos dos regimes centralistas (cuja falência a História há muito se encarregara de demonstrar).
Neste particular, a passada semana tem sido especialmente negra para todos quantos, como eu próprio, acreditam piamente nos méritos do livre funcionamento dos mercados e, em paralelo, na relevância e utilidade dos mercados financeiros para o funcionamento das economias.
A abrir, ainda no rescaldo da intervenção do Governo norte-americano que permitiu resgatar, via “nacionalização”, a Freddie Mac, Fannie Mae, o mundo foi confrontado com a irreversibilidade da falência da Lehman Brothers, aos 158 anos de idade, perante o desinteresse dos potenciais compradores privados da companhia.
Entre estes, o Bank of América optou por adquirir, por 50 mil milhões de dólares, também esta semana, a não menos gigante Merrill Lynch, dando o pontapé de saída para uma nova série de operações de concentração no sector financeiro, a que outros grupos parecem querer dar sequência no futuro próximo.
Do ponto de vista do Estado, esta foi a crónica de uma morte anunciada a partir do momento em que o Executivo americano não quis reeditar a decisão de suportar os largos milhares de milhão de dólares de prejuízo da empresa, como chegou a fazer no recente caso do Bear Stearns.
Quanto às autoridades de supervisão dos mercados financeiros e monetários, a SEC – Securities Exchange Commission (o regulador do mercado de capitais) assegurou que os clientes da Lehman teriam as suas contas salvaguardadas, enquanto que o FED – a Reserva Federal (autoridade monetária) alterou as regras de concessão de empréstimos, passando a aceitar todos os activos de dívida com notação financeira (análise de risco) como colateral de tais operações, incluindo as acções, e alargou as linhas de crédito para este tipo de instituições.
Como é de bom tom nestas ocasiões, a SEC sugeriu também estar a “estudar tomar medidas sobre o “short-selling” abusivo”, a materializar a curto prazo.
Ao nível da auto-regulação, também o conjunto dos Bancos de Wall Street chegou a um entendimento para a criação de um fundo de 70 mil milhões de dólares para “dar liquidez ao sistema”.
Do outro lado do Atlântico, por entre a derrocada dos principais índices accionistas, também o Banco Central Europeu, o Banco da Suíça e o Banco de Inglaterra se disponibilizaram para abrir linhas de crédito especiais para as instituições financeiras europeias, em sede de mercados interbancários.
Poucos dias depois, ainda os mercados financeiros mundiais se começavam a recompor do terramoto da falência da Lehman já as autoridades norte-americanas se deparavam com os riscos de falência da maior companhia de seguros dos EUA – a AIG - American Insurance Group -, uma entidade com forte presença no mercado nacional.
Também aqui, coube ao FED proceder a uma injecção de 85 mil milhões de dólares para assegurar o controlo de 80% da empresa, viabilizando o desenvolvimento de um plano de reestruturação a dois anos.
Depois da tormenta, as medidas mais drásticas que chegaram com o final da semana devolveram a euforia aos mercados, com as principais bolsas a registarem subidas históricas.
Mas, por entre o turbilhão, a discussão de motivos e estratégias para reagir a novas ocorrências – que seguramente acontecerão -, a principal pergunta só pode ser uma: qual é o próximo?
Firmas como a Lehman Brothers, a Merryll Linch, a JP Morgan, a Goldman Sachs, o Citigroup e tantas outras cedo se perfilaram como ícones de um modelo económico ou, de uma forma mais abrangente, de todo um estilo de vida.
Em certo sentido, Wall Street - de que se assumiam e assumem como pilares estruturais-, era e é uma ilustração clara do American Dream, enquanto expressão de uma América “terra de oportunidades”.
Através do sistema financeiro e, em particular, do investimento no mercado de capitais, qualquer um poderia construir fortuna, fosse através de ganhos de apostas especulativas mais ou menos alavancadas, fosse através dos enormes bónus atribuídos pelos níveis de rendibilidade alcançados ou pelo volume de activos sob gestão dos profissionais do sector.
A crise do subprime, como vários outros episódios avulsos anteriores, veio alterar radicalmente este estado de coisas e mostrar à vista desarmada as fragilidades do modelo “capitalista”, para gáudio dos ortodoxos dos regimes centralistas (cuja falência a História há muito se encarregara de demonstrar).
Neste particular, a passada semana tem sido especialmente negra para todos quantos, como eu próprio, acreditam piamente nos méritos do livre funcionamento dos mercados e, em paralelo, na relevância e utilidade dos mercados financeiros para o funcionamento das economias.
A abrir, ainda no rescaldo da intervenção do Governo norte-americano que permitiu resgatar, via “nacionalização”, a Freddie Mac, Fannie Mae, o mundo foi confrontado com a irreversibilidade da falência da Lehman Brothers, aos 158 anos de idade, perante o desinteresse dos potenciais compradores privados da companhia.
Entre estes, o Bank of América optou por adquirir, por 50 mil milhões de dólares, também esta semana, a não menos gigante Merrill Lynch, dando o pontapé de saída para uma nova série de operações de concentração no sector financeiro, a que outros grupos parecem querer dar sequência no futuro próximo.
Do ponto de vista do Estado, esta foi a crónica de uma morte anunciada a partir do momento em que o Executivo americano não quis reeditar a decisão de suportar os largos milhares de milhão de dólares de prejuízo da empresa, como chegou a fazer no recente caso do Bear Stearns.
Quanto às autoridades de supervisão dos mercados financeiros e monetários, a SEC – Securities Exchange Commission (o regulador do mercado de capitais) assegurou que os clientes da Lehman teriam as suas contas salvaguardadas, enquanto que o FED – a Reserva Federal (autoridade monetária) alterou as regras de concessão de empréstimos, passando a aceitar todos os activos de dívida com notação financeira (análise de risco) como colateral de tais operações, incluindo as acções, e alargou as linhas de crédito para este tipo de instituições.
Como é de bom tom nestas ocasiões, a SEC sugeriu também estar a “estudar tomar medidas sobre o “short-selling” abusivo”, a materializar a curto prazo.
Ao nível da auto-regulação, também o conjunto dos Bancos de Wall Street chegou a um entendimento para a criação de um fundo de 70 mil milhões de dólares para “dar liquidez ao sistema”.
Do outro lado do Atlântico, por entre a derrocada dos principais índices accionistas, também o Banco Central Europeu, o Banco da Suíça e o Banco de Inglaterra se disponibilizaram para abrir linhas de crédito especiais para as instituições financeiras europeias, em sede de mercados interbancários.
Poucos dias depois, ainda os mercados financeiros mundiais se começavam a recompor do terramoto da falência da Lehman já as autoridades norte-americanas se deparavam com os riscos de falência da maior companhia de seguros dos EUA – a AIG - American Insurance Group -, uma entidade com forte presença no mercado nacional.
Também aqui, coube ao FED proceder a uma injecção de 85 mil milhões de dólares para assegurar o controlo de 80% da empresa, viabilizando o desenvolvimento de um plano de reestruturação a dois anos.
Depois da tormenta, as medidas mais drásticas que chegaram com o final da semana devolveram a euforia aos mercados, com as principais bolsas a registarem subidas históricas.
Mas, por entre o turbilhão, a discussão de motivos e estratégias para reagir a novas ocorrências – que seguramente acontecerão -, a principal pergunta só pode ser uma: qual é o próximo?
2 comentários:
Com nomes como Freddie Mac e Fannie Mae tinha que dar o que deu... estes nomes nem para stand de automóveis usados. Agora, quando as coisas correm mal porque têm de ser os contribuintes (os americanos, neste caso), a pagar a factura dos desvarios do sistema? Ou como dizia um conhecido analista da nossa praça: “Realmente, o sistema é perfeito. Privatizam-se os lucros e nacionalizam-se os prejuízos”.
Para os especuladores é caso para dizer que "o crime compensa", pois quando os seus esquemas dão lucro embolsam milhões, quando dão prejuízo paga o Estado (os contribuintes). Para prevenir e evitar mais "crimes", é urgente dotar as instituições de regulação financeira de maior poder, autoridade e eficácia de acção.
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