terça-feira, 20 de maio de 2008

LAN EKINTZA - Bilbao


Por via das minhas actividades “extra-curriculares” tento sempre estar atento a boas práticas desenvolvidas por diversas Autarquias do nosso País ou do estrangeiro que sejam orientadas para algumas das prioridades do meu “programa de acção”.
Neste âmbito, as esferas da dinamização económica, da regeneração urbana e da revitalização dos Centros Históricos são algumas das áreas que me merecem maior atenção, envolvendo vertentes como a captação de investimentos, o apoio ao empreendedorismo, a cooperação entre as Autarquias e a sociedade civil e os estímulos ao aproveitamento dos imóveis degradados nos centros urbanos.
Foi, pois, com especial satisfação que tomei recentemente contacto com o projecto “LAN EKINTZA”, da Câmara Municipal de Bilbau, uma abordagem original à reabilitação urbana através da qual este Ayuntamiento Basco assume o papel de promotor de imóveis comerciais com o objectivo de atrair novas empresas e empresas já estabelecidas para a parte antiga da cidade.
A LAN EKINTZA não é mais que uma Sociedade Veículo, de capitais maioritariamente públicos, através da qual o Ayuntamiento de Bilbao procura estimular a criação de empresas, qualificar o emprego, apoiar o comércio tradicional e promover acções orientadas para a recuperação de certos bairros mais antigos com base numa lógica integrada de acção.
Para este efeito, a LAN EKINTZA conta maioritariamente com subvenções públicas, do Ayuntamiento e dos Governos Basco e Espanhol, bem assim como financiamentos comunitários, tendo em 2006 movimentado cifras superiores a 13 milhões de Euros (para uma população que ronda os 350.000 habitantes).
Todavia, mais do que a parcela de investimento assegurada por esta sociedade, o segredo do êxito deste projecto reside na capacidade de dinamizar e alavancar o investimento privado, que se assume como principal motor de muitos dos projectos desenvolvidos.
No âmbito da actividade da LAN EKINTZA, as empresas que se estabelecem nas áreas antigas da cidade podem obter apoio financeiro para a realização de estudos de viabilidade empresarial, apoio ao lançamento de novos empreendimentos, renovação das instalações e novos equipamentos, recolocação, aquisição de equipamento de Tecnologias de Informação e apoios ao nível de gestão.
Segundo os dados disponibilizados por esta entidade, só ao longo dos últimos dois anos foram renovadas cerca de 17 instalações, que foram posteriormente vendidas num leilão destinado a empresas dos sectores-alvo: entretenimento, arte, cultura, moda e tecnologia.
A área de intervenção acolheu 129 novas empresas, que criaram 268 postos de trabalho. O sucesso da iniciativa está patente na reabilitação da zona e na melhoria da qualidade de vida social e económica daqueles bairros, sendo simultaneamente promovida a sua integração com o resto da cidade. Além disso, ajudou a combater a marginalização e a exclusão social.
Face aos bons resultados alcançados, a Câmara Municipal de Bilbau já adquiriu mais 13 instalações e está aberta a novas oportunidades de investimento.
Para lá dessa vertente, esta sociedade acaba por se assumir como uma espécie de gestora do espaço comercial do centro histórico, corporizando o papel que os últimos programas de apoio à modernização do comércio atribuíam à criação de Unidades de Gestão dos Centros Urbanos (e que Autarquias como Braga sistematicamente rejeitaram).
Quando, como acontece neste Concelho, nos arrogamos de ter uma das maiores áreas pedonais do País e de que esta consubstancia um verdadeiro “centro comercial ao ar livre”, alguém acredita no sucesso de uma superfície comercial cuja gestão, promoção e dinamização não seja feita de forma articulada?
Reunindo todos estes requisitos, a LAN EKINTZA Bilbao é, de facto, uma iniciativa que merece aplauso e que justificou plenamente a atribuição do Grande Prémio do Júri dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial.
Estes galardões, atribuídos desde 2006 pela União Europeia, em associação com o Comité das Regiões, a EUROCHAMBRES - Associação de Câmaras de Comércio e Indústria Europeias, a EUROCITIES e a EURADA - Associação de Agências de Desenvolvimento Regional, visam reconhecer e premiar “iniciativas de relevo que apoiem a iniciativa empresarial a nível regional no seio da União Europeia”, sendo as candidaturas seleccionadas com base na sua originalidade e exequibilidade, no impacto na economia local, na melhoria nas relações das partes interessadas locais e na transferibilidade do projecto para outras regiões.
Centrando-me neste último atributo, resta-nos esperar que um projecto idêntico possa também ser implementado em cidades como Braga, para o pleno aproveitamento do seu potencial de desenvolvimento, e para que estas possam definitivamente assumir o seu papel na promoção da prosperidade e coesão de que a Região Norte e Portugal precisam.

Sem comentários: