40 minutos
A última iniciativa que parece querer dar razão a todos quantos acreditam que a blogosfera pode ser um dos mais importantes campos de intervenção cívica da actualidade partiu de alguns utentes regulares da linha de comboio Braga-Porto, que se socorreram deste meio para consensualizarem posições e tentarem fazer valer as suas perspectivas junto da CP.
Em concreto, com o blogue residente em http://bragaporto40minutos.blogspot.com/, este grupo de clientes pretende “promover um entendimento sobre os horários que melhor servem a generalidade dos utentes” e “exigir à CP, através de uma petição, o regresso das viagens rápidas (pelo menos nas horas de ponta)”.
A designação do blogue prende-se, pois, com o principal anseio dos promotores desta iniciativa – qual seja, a redução do tempo de viagem dos comboios entre Braga e Porto para cerca de 40 minutos face aos 60 a 75 que hoje se verifica -, ainda que os próprios o reconheçam como inviável no futuro próximo.
Também nas cogitações destes clientes da CP está a intenção de vir a constituir uma Comissão de Utentes, de forma a ganharem peso formal e a aumentarem o seu poder reivindicativo futuro enquanto potenciais representantes dos milhares de pessoas que utilizam este meio de transporte com regularidade entre estes dois destinos, muitas vezes num movimento “pendular” diário.
Como naturalmente assinalou a responsável da CP que se prontificou a participar na reunião pública que esta “Comissão” decidiu promover na estação de Braga no final da última semana, pese embora a “disponibilidade da CP para ouvir as suas pretensões, não é provável, nem possível, proceder a grandes alterações no futuro próximo”.
Na base de tal constatação estarão razões técnicas, comerciais e de gestão de recursos que a CP teria que enfrentar para responder positivamente aos anseios do meio milhar de clientes que já subscrevera a petição até ao final do mês de Janeiro.
Desde logo, segundo as informações vindas a público e amplamente discutidas no blogue em questão, a CP teria que reforçar o volume de meios humanos e de comboios disponíveis para incrementar a periodicidade de circulação neste percurso, sendo que determinadas condicionantes técnicas da via teriam também que ser corrigidas para viabilizar tal solução ao longo de todo o percurso.
Relativamente às questões comerciais, trata-se de aferir se, para lá da melhoria do serviço prestado aos utentes das “estações-ponta”, esta opção – que poderia passar pela redução do número de escalas das viagens - compensaria a perda de clientes das estações intermédias e não poria em causa a prestação do serviço público de transporte que ainda cabe à CP.
Por mais que esta pareça uma questão de natureza estritamente local/regional, a discussão subjacente a esta iniciativa contende com muitos temas que hoje se colocam na primeira linha do debate internacional.
Em primeiro lugar, porque num contexto de promoção de uma maior sustentabilidade do desenvolvimento dos territórios, o recurso a meios de transporte mais económicos e amigos do ambiente (como a ferrovia) pode ter um peso considerável na concretização das metas traçadas.
Ora, é perceptível que Portugal tem seguido precisamente a estratégia inversa, de desvalorização deste meio de transporte em favor da circulação rodoviária, com a contínua supressão de linhas e ligações em vários pontos do País, muitas das vezes no total desrespeito pela nossa história e património.
Em segundo lugar, porque as ligações ferroviárias entre meios urbanos de certa dimensão entre os quais exista uma proximidade geográfica, serão potenciadoras de uma crescente mobilidade laboral e de uma intensificação das trocas de bens e serviços, com os efeitos positivos que daí podem resultar para a actividade económica e para a redução do desemprego.
Tal como acontece em relação a várias cidades médias da área de influência da Área Metropolitana do Porto, o movimento diário de trabalhadores residentes em Braga para o Porto (e que se poderá intensificar fortemente no sentido contrário), abrange já hoje várias dezenas de milhar de cidadãos que podem encontrar no comboio um meio de transporte mais cómodo, económico e seguro.
Este é também o argumento que se pode invocar para exigir o estabelecimento de ligações de cariz ferroviário entre as várias cidades do Quadrilátero Urbano de Braga (Guimarães, Famalicão, Barcelos e Braga) e para colocar o reforço das ligações ferroviárias à Galiza no topo das prioridades de investimento regional.
É, porém, compreensível que no caso em apreço possa ser inviável a concretização das pretensões dos utentes, pelo menos enquanto não existir o TAV – Trem de Alta Velocidade a ligar os principais interfaces logísticos e de transporte do Norte de Portugal e de Espanha.
De uma vez por todas, venham daí esses 40 minutos!...
Em concreto, com o blogue residente em http://bragaporto40minutos.blogspot.com/, este grupo de clientes pretende “promover um entendimento sobre os horários que melhor servem a generalidade dos utentes” e “exigir à CP, através de uma petição, o regresso das viagens rápidas (pelo menos nas horas de ponta)”.
A designação do blogue prende-se, pois, com o principal anseio dos promotores desta iniciativa – qual seja, a redução do tempo de viagem dos comboios entre Braga e Porto para cerca de 40 minutos face aos 60 a 75 que hoje se verifica -, ainda que os próprios o reconheçam como inviável no futuro próximo.
Também nas cogitações destes clientes da CP está a intenção de vir a constituir uma Comissão de Utentes, de forma a ganharem peso formal e a aumentarem o seu poder reivindicativo futuro enquanto potenciais representantes dos milhares de pessoas que utilizam este meio de transporte com regularidade entre estes dois destinos, muitas vezes num movimento “pendular” diário.
Como naturalmente assinalou a responsável da CP que se prontificou a participar na reunião pública que esta “Comissão” decidiu promover na estação de Braga no final da última semana, pese embora a “disponibilidade da CP para ouvir as suas pretensões, não é provável, nem possível, proceder a grandes alterações no futuro próximo”.
Na base de tal constatação estarão razões técnicas, comerciais e de gestão de recursos que a CP teria que enfrentar para responder positivamente aos anseios do meio milhar de clientes que já subscrevera a petição até ao final do mês de Janeiro.
Desde logo, segundo as informações vindas a público e amplamente discutidas no blogue em questão, a CP teria que reforçar o volume de meios humanos e de comboios disponíveis para incrementar a periodicidade de circulação neste percurso, sendo que determinadas condicionantes técnicas da via teriam também que ser corrigidas para viabilizar tal solução ao longo de todo o percurso.
Relativamente às questões comerciais, trata-se de aferir se, para lá da melhoria do serviço prestado aos utentes das “estações-ponta”, esta opção – que poderia passar pela redução do número de escalas das viagens - compensaria a perda de clientes das estações intermédias e não poria em causa a prestação do serviço público de transporte que ainda cabe à CP.
Por mais que esta pareça uma questão de natureza estritamente local/regional, a discussão subjacente a esta iniciativa contende com muitos temas que hoje se colocam na primeira linha do debate internacional.
Em primeiro lugar, porque num contexto de promoção de uma maior sustentabilidade do desenvolvimento dos territórios, o recurso a meios de transporte mais económicos e amigos do ambiente (como a ferrovia) pode ter um peso considerável na concretização das metas traçadas.
Ora, é perceptível que Portugal tem seguido precisamente a estratégia inversa, de desvalorização deste meio de transporte em favor da circulação rodoviária, com a contínua supressão de linhas e ligações em vários pontos do País, muitas das vezes no total desrespeito pela nossa história e património.
Em segundo lugar, porque as ligações ferroviárias entre meios urbanos de certa dimensão entre os quais exista uma proximidade geográfica, serão potenciadoras de uma crescente mobilidade laboral e de uma intensificação das trocas de bens e serviços, com os efeitos positivos que daí podem resultar para a actividade económica e para a redução do desemprego.
Tal como acontece em relação a várias cidades médias da área de influência da Área Metropolitana do Porto, o movimento diário de trabalhadores residentes em Braga para o Porto (e que se poderá intensificar fortemente no sentido contrário), abrange já hoje várias dezenas de milhar de cidadãos que podem encontrar no comboio um meio de transporte mais cómodo, económico e seguro.
Este é também o argumento que se pode invocar para exigir o estabelecimento de ligações de cariz ferroviário entre as várias cidades do Quadrilátero Urbano de Braga (Guimarães, Famalicão, Barcelos e Braga) e para colocar o reforço das ligações ferroviárias à Galiza no topo das prioridades de investimento regional.
É, porém, compreensível que no caso em apreço possa ser inviável a concretização das pretensões dos utentes, pelo menos enquanto não existir o TAV – Trem de Alta Velocidade a ligar os principais interfaces logísticos e de transporte do Norte de Portugal e de Espanha.
De uma vez por todas, venham daí esses 40 minutos!...
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