Crash nas Bolsas
Para muitos Portugueses, este final do primeiro mês de 2008, está envolto em algumas perplexidades e em inúmeros receios no que concerne ao desempenho da economia e da generalidade dos mercados financeiros.
Na passada semana, assistiam ao eco público de mais um crash das Bolsas internacionais, com dimensões apenas superadas (nalguns casos) pelas consequências dos atentados ao World Trade Center no já longínquo 11 de Setembro de 2001.
Da Europa à Ásia, a mínima descida verificada naquela fatídica Segunda-feira 21 de Janeiro situou-se nos 3,86% da Bolsa de Tóquio contra o máximo de quebra de 7,54% dos nossos vizinhos de Madrid (a maior descida da Bolsa Espanhola num único dia desde 1991). Na madrugada seguinte, porém, Hong Kong cairia 8,56% e Tóquio 5,6%.
Em Portugal, foram também ultrapassados os maiores valores de descida do Índice da Bolsa da última década, com uns significativos 5,83% que agravaram ainda mais a tendência de queda que se regista desde o início do ano e que voltou a repetir-se em diversas sessões subsequentes.
Já nos Estados Unidos, onde muitos procuram encontrar as razões últimas para este clima agreste que se vive nos mercados, o feriado evocativo de Martin Luther King, permitiu que as quedas fossem significativamente amortecidas, quando não estancadas, graças à veemente intervenção da Reserva Federal Americana – que promoveu um corte de 0,75% na sua taxa directora de uma só vez.
Mas, perguntarão alguns, até que ponto é que estas oscilações devem preocupar o comum dos cidadãos? Não são estes comportamentos voláteis dos mercados financeiros, e das Bolsas em particular, apenas motivo de apreensão e campo de intervenção para os maléficos especuladores e para um ou outro investidor mais incauto?
A verdade é que se é possível distinguir elementos de natureza estritamente financeira em muitos dos acontecimentos recentes, parece haver também uma ligação umbilical com o que vai acontecendo e se perspectiva venha a acontecer na economia real ao longo dos próximos meses, o que transforma este fenómeno em algo sensível a todos os protagonistas da sociedade.
Afinal, não estaremos a lidar apenas com a situação conturbada de um certo grupo económico, por mais importante que ele pudesse ser no contexto nacional, nem sequer com uma crise que se pode restringir a um espectro restrito do tecido empresarial – se é que era possível isolar no seio do meio financeiro a crise do crédito hipotecário de alto risco (subprime) que visou a banca norte-americana.
No conjunto das economias globalizadas temos hoje a evidência de um sector financeiro manifestamente descapitalizado e enfrentando sérios problemas de incumprimento dos créditos concedidos; um sector imobiliário cuja “bolha” se vem progressivamente esvaziando nas economias mais desenvolvidas; uma contínua instabilidade política e social (igualmente minada pelas perenes ameaças terroristas); e uma séria ameaça de abrandamento do conjunto da actividade económica.
Pior, se alguns pensavam que este fenómeno se poderia restringir aos Estados Unidos (e que apenas atestaria alguma incapacidade da Administração Bush para sustentar o crescimento económico do País), os indicadores mais recentes parecem sugerir uma célere contaminação de todas as economias mundiais e da europeia, em particular.
A drástica descida das taxas de juro pelo FED não foi obviamente um mecanismo de amortecimento da queda nas bolsas, procurando antes esbater as ameaças depressivas que começam a pairar sobre a economia norte-americana.
Na Europa, à medida que se assiste à derrapagem acentuada dos indicadores de confiança de consumidores e empresas, o BCE poderá não aguentar por muito mais tempo a sua política de submissão estrita da política monetária ao controlo da inflação, até porque, neste momento, as taxas de juro americanas são já mais baixas que os referenciais europeus.
Ao nível governativo, os responsáveis da União tentaram passar uma mensagem de tranquilidade e confiança no futuro, mas ninguém parece acreditar em tais discursos de circunstância.
Para muitos, é tempo de recorrer a outros mecanismos de impulso da actividade económica, como sejam a baixa de impostos, o que volta a colocar sob pressão os resultados atingidos ao nível do controlo dos défices orçamentais.
Os tais Portugueses que referia no início é que poderão nem querer acreditar no que lhes está a acontecer. Seguramente, Portugal não escapará às ondas de choque provocadas por este turbilhão internacional, bem longe das quatro paredes do seu (agora) internacional mercado de capitais.
Sem que se vislumbrem sinais claros da prometida retoma, parece avizinhar-se novo período cinzento da nossa história económica.
É quase como se a montanha russa parasse, antes mesmo de começar a subir…
Na passada semana, assistiam ao eco público de mais um crash das Bolsas internacionais, com dimensões apenas superadas (nalguns casos) pelas consequências dos atentados ao World Trade Center no já longínquo 11 de Setembro de 2001.
Da Europa à Ásia, a mínima descida verificada naquela fatídica Segunda-feira 21 de Janeiro situou-se nos 3,86% da Bolsa de Tóquio contra o máximo de quebra de 7,54% dos nossos vizinhos de Madrid (a maior descida da Bolsa Espanhola num único dia desde 1991). Na madrugada seguinte, porém, Hong Kong cairia 8,56% e Tóquio 5,6%.
Em Portugal, foram também ultrapassados os maiores valores de descida do Índice da Bolsa da última década, com uns significativos 5,83% que agravaram ainda mais a tendência de queda que se regista desde o início do ano e que voltou a repetir-se em diversas sessões subsequentes.
Já nos Estados Unidos, onde muitos procuram encontrar as razões últimas para este clima agreste que se vive nos mercados, o feriado evocativo de Martin Luther King, permitiu que as quedas fossem significativamente amortecidas, quando não estancadas, graças à veemente intervenção da Reserva Federal Americana – que promoveu um corte de 0,75% na sua taxa directora de uma só vez.
Mas, perguntarão alguns, até que ponto é que estas oscilações devem preocupar o comum dos cidadãos? Não são estes comportamentos voláteis dos mercados financeiros, e das Bolsas em particular, apenas motivo de apreensão e campo de intervenção para os maléficos especuladores e para um ou outro investidor mais incauto?
A verdade é que se é possível distinguir elementos de natureza estritamente financeira em muitos dos acontecimentos recentes, parece haver também uma ligação umbilical com o que vai acontecendo e se perspectiva venha a acontecer na economia real ao longo dos próximos meses, o que transforma este fenómeno em algo sensível a todos os protagonistas da sociedade.
Afinal, não estaremos a lidar apenas com a situação conturbada de um certo grupo económico, por mais importante que ele pudesse ser no contexto nacional, nem sequer com uma crise que se pode restringir a um espectro restrito do tecido empresarial – se é que era possível isolar no seio do meio financeiro a crise do crédito hipotecário de alto risco (subprime) que visou a banca norte-americana.
No conjunto das economias globalizadas temos hoje a evidência de um sector financeiro manifestamente descapitalizado e enfrentando sérios problemas de incumprimento dos créditos concedidos; um sector imobiliário cuja “bolha” se vem progressivamente esvaziando nas economias mais desenvolvidas; uma contínua instabilidade política e social (igualmente minada pelas perenes ameaças terroristas); e uma séria ameaça de abrandamento do conjunto da actividade económica.
Pior, se alguns pensavam que este fenómeno se poderia restringir aos Estados Unidos (e que apenas atestaria alguma incapacidade da Administração Bush para sustentar o crescimento económico do País), os indicadores mais recentes parecem sugerir uma célere contaminação de todas as economias mundiais e da europeia, em particular.
A drástica descida das taxas de juro pelo FED não foi obviamente um mecanismo de amortecimento da queda nas bolsas, procurando antes esbater as ameaças depressivas que começam a pairar sobre a economia norte-americana.
Na Europa, à medida que se assiste à derrapagem acentuada dos indicadores de confiança de consumidores e empresas, o BCE poderá não aguentar por muito mais tempo a sua política de submissão estrita da política monetária ao controlo da inflação, até porque, neste momento, as taxas de juro americanas são já mais baixas que os referenciais europeus.
Ao nível governativo, os responsáveis da União tentaram passar uma mensagem de tranquilidade e confiança no futuro, mas ninguém parece acreditar em tais discursos de circunstância.
Para muitos, é tempo de recorrer a outros mecanismos de impulso da actividade económica, como sejam a baixa de impostos, o que volta a colocar sob pressão os resultados atingidos ao nível do controlo dos défices orçamentais.
Os tais Portugueses que referia no início é que poderão nem querer acreditar no que lhes está a acontecer. Seguramente, Portugal não escapará às ondas de choque provocadas por este turbilhão internacional, bem longe das quatro paredes do seu (agora) internacional mercado de capitais.
Sem que se vislumbrem sinais claros da prometida retoma, parece avizinhar-se novo período cinzento da nossa história económica.
É quase como se a montanha russa parasse, antes mesmo de começar a subir…
Sem comentários:
Enviar um comentário