A morte da FNAC
Em todo o mundo, tem-se assistido a diversos fenómenos que põem em causa o futuro de uma loja com as características do projecto FNAC.
Por um lado, se em Portugal ainda vamos registando progressos ao nível dos hábitos de leitura face à base quase residual de que partimos há poucos anos, na maior parte dos países desenvolvidos o mero acto de ler um livro tende a ser paulatinamente substituído por outros veículos de lazer alternativos.
Daí que, a prazo, quase se possa imaginar um Mercado do Livro particularmente centrado no segmento técnico, nos públicos especializados e nos indefectíveis da leitura.
Mesmo aí, porém, com recurso crescente às edições electrónicas que já vão proliferando na Internet, quer das obras originais, quer em versões customizadas, totalmente ajustadas ao interesse do leitor individual.
Já hoje, aliás, como dava nota neste espaço aquando da semana do comércio electrónico que se assinalou em Outubro último, os bens mais transaccionados através da Internet são os livros, CDs, DVDs e outros produtos informáticos.
Ora, se não está aí em causa o “negócio” da FNAC enquanto projecto, estes dados acabam por condicionar os formatos adoptados e conduzem à emergência da sua plataforma comercial electrónica, a par dos modelos de lojas tradicionais.
Nos sectores da música, filmes e software, junta-se a esta última questão particular o problema da disponibilização de conteúdos gratuitos on-line, muitas vezes associados à prática de pirataria.
A este propósito, a única solução é aquela que o Presidente do Grupo apontava na entrevista que concedeu ao Público no passado dia 13 de Novembro – o recurso à regulamentação -, mas a verdade é que não só não parece haver uma vontade política e popular clara em torno da adopção de medidas dessa natureza, como a própria dinâmica social e tecnológica aponta para o aparecimento contínuo de novos canais de distribuição destes conteúdos de forma gratuita.
Daí que, excluídas essas classes de produtos, a oferta FNAC tenda a centrar-se mais em áreas alternativas, como a informática, a electrónica, as telecomunicações ou a fotografia. Aqui, apesar da proliferação de uma concorrência não menos feroz, a FNAC poderá sempre fazer prevalecer a riqueza da gama disponibilizada, a centralização de recursos ou a oferta complementar de serviços em seu benefício.
Curiosamente, apesar de haver quem tema pelo futuro do projecto e de todos os outros concorrentes deste sector, a verdade é que a FNAC parece algo imune a estes desafios: em França, seu país de origem, a FNAC tem 69 lojas em 56 cidades distintas, a que acrescem 41 estabelecimentos espalhados pela Bélgica, Brasil, Itália, Espanha, Suiça, Grécia e Portugal.
No nosso País, a FNAC tem vindo a registar um crescimento sustentado desde 1998, ano em que abriu a primeira loja do Grupo no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e que ainda hoje continua a ser a maior em Portugal, tendo mesmo sofrido obras de remodelação recentes.
Alfragide e Braga foram, desde a pretérita semana, a 11ª e a 12ª loja do Grupo no nosso País, respectivamente, num plano de expansão que aponta para a cifra das 20 lojas em 2010.
No último ano, as vendas do Grupo terão atingido os 5 mil milhões de Euros, dos quais, cerca de 6% terão sido realizados em Portugal, o que leva o Presidente do Grupo, “Denis Olivennes” a considerar “que a aposta em Portugal constituiu "um dos melhores investimentos feitos pela FNAC", mesmo que contrariasse os estudos de mercado iniciais.
No cômputo geral, o êxito da FNAC parece assentar em algumas especificidades que o projecto tem sabido alimentar ao longo dos anos.
Numa óptica estritamente comercial, destaca-se o facto de agregar num mesmo espaço produtos e serviços de natureza tão diversa como os que antes foram referidos.
Mas, mais do que isso, a FNAC soube diferenciar-se pela sua forte ligação ao meio cultural, quer por se assumir como canal de distribuição dos bilhetes para a generalidade das salas de espectáculos, quer por funcionar, ela própria, em cada um dos seus estabelecimentos, como um pólo de dinamização cultural do meio envolvente.
É talvez por isso que, contrariando as tais perspectivas pessimistas, a FNAC possa citar Mark Twain com toda a propriedade e afiançar que “as notícias da sua morte são manifestamente exageradas”…
Mas, é especialmente por esse papel de catalisador cultural que os Bracarenses podem finalmente congratular-se pela chegada da FNAC à sua cidade.
Por um lado, se em Portugal ainda vamos registando progressos ao nível dos hábitos de leitura face à base quase residual de que partimos há poucos anos, na maior parte dos países desenvolvidos o mero acto de ler um livro tende a ser paulatinamente substituído por outros veículos de lazer alternativos.
Daí que, a prazo, quase se possa imaginar um Mercado do Livro particularmente centrado no segmento técnico, nos públicos especializados e nos indefectíveis da leitura.
Mesmo aí, porém, com recurso crescente às edições electrónicas que já vão proliferando na Internet, quer das obras originais, quer em versões customizadas, totalmente ajustadas ao interesse do leitor individual.
Já hoje, aliás, como dava nota neste espaço aquando da semana do comércio electrónico que se assinalou em Outubro último, os bens mais transaccionados através da Internet são os livros, CDs, DVDs e outros produtos informáticos.
Ora, se não está aí em causa o “negócio” da FNAC enquanto projecto, estes dados acabam por condicionar os formatos adoptados e conduzem à emergência da sua plataforma comercial electrónica, a par dos modelos de lojas tradicionais.
Nos sectores da música, filmes e software, junta-se a esta última questão particular o problema da disponibilização de conteúdos gratuitos on-line, muitas vezes associados à prática de pirataria.
A este propósito, a única solução é aquela que o Presidente do Grupo apontava na entrevista que concedeu ao Público no passado dia 13 de Novembro – o recurso à regulamentação -, mas a verdade é que não só não parece haver uma vontade política e popular clara em torno da adopção de medidas dessa natureza, como a própria dinâmica social e tecnológica aponta para o aparecimento contínuo de novos canais de distribuição destes conteúdos de forma gratuita.
Daí que, excluídas essas classes de produtos, a oferta FNAC tenda a centrar-se mais em áreas alternativas, como a informática, a electrónica, as telecomunicações ou a fotografia. Aqui, apesar da proliferação de uma concorrência não menos feroz, a FNAC poderá sempre fazer prevalecer a riqueza da gama disponibilizada, a centralização de recursos ou a oferta complementar de serviços em seu benefício.
Curiosamente, apesar de haver quem tema pelo futuro do projecto e de todos os outros concorrentes deste sector, a verdade é que a FNAC parece algo imune a estes desafios: em França, seu país de origem, a FNAC tem 69 lojas em 56 cidades distintas, a que acrescem 41 estabelecimentos espalhados pela Bélgica, Brasil, Itália, Espanha, Suiça, Grécia e Portugal.
No nosso País, a FNAC tem vindo a registar um crescimento sustentado desde 1998, ano em que abriu a primeira loja do Grupo no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e que ainda hoje continua a ser a maior em Portugal, tendo mesmo sofrido obras de remodelação recentes.
Alfragide e Braga foram, desde a pretérita semana, a 11ª e a 12ª loja do Grupo no nosso País, respectivamente, num plano de expansão que aponta para a cifra das 20 lojas em 2010.
No último ano, as vendas do Grupo terão atingido os 5 mil milhões de Euros, dos quais, cerca de 6% terão sido realizados em Portugal, o que leva o Presidente do Grupo, “Denis Olivennes” a considerar “que a aposta em Portugal constituiu "um dos melhores investimentos feitos pela FNAC", mesmo que contrariasse os estudos de mercado iniciais.
No cômputo geral, o êxito da FNAC parece assentar em algumas especificidades que o projecto tem sabido alimentar ao longo dos anos.
Numa óptica estritamente comercial, destaca-se o facto de agregar num mesmo espaço produtos e serviços de natureza tão diversa como os que antes foram referidos.
Mas, mais do que isso, a FNAC soube diferenciar-se pela sua forte ligação ao meio cultural, quer por se assumir como canal de distribuição dos bilhetes para a generalidade das salas de espectáculos, quer por funcionar, ela própria, em cada um dos seus estabelecimentos, como um pólo de dinamização cultural do meio envolvente.
É talvez por isso que, contrariando as tais perspectivas pessimistas, a FNAC possa citar Mark Twain com toda a propriedade e afiançar que “as notícias da sua morte são manifestamente exageradas”…
Mas, é especialmente por esse papel de catalisador cultural que os Bracarenses podem finalmente congratular-se pela chegada da FNAC à sua cidade.
1 comentário:
Nunca entendi porque a Fnac se demorou tanto a instalar em Braga. Até avançou antes para o Algarve do que em Braga ! Um erro claro de estudo de mercado. Mas mais vale tarde do que nunca. Para os produtos de qualidade haverá sempre mercado. Bem-vinda Fnac que tanta falta fazias em Braga.
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