segunda-feira, 4 de junho de 2007

Maravilhas e Pesadelos



Aproximando-se mais uma época estival, o sector do turismo volta a entrar nas prioridades da agenda mediática e das preocupações da maioria dos cidadãos, que agora começam a preparar o período de férias que se avizinha.
Desta feita, sucedem-se as iniciativas que podem facilitar as escolhas das carteiras mais recheadas, com a eleição das Novas Sete Maravilhas do Mundo a funcionar como um cardápio de destinos tão diversificados quanto apetecíveis.
A título de exemplo, das raízes das civilizações que perpassam pelo Coliseu Romano, pela Acrópole Grega, pelas Pirâmides de Gizé, por Stonehenge, por Timbuktu (Mali) ou por Machu Picchu (Peru), aos monumentos-ícones de certos impérios, como o Taj Mahal (Índia), Angkor (Cambodja), a Grande Muralha da China ou o Kremlin, aos traços de modernidade ocidental do Cristo Redentor, da Torre Eiffel, da Ópera de Sydney ou da Estátua da Liberdade, as escolhas são de facto infindáveis e multifacetadas.
Para patrimónios mais constrangidos pela tardia recuperação económica e pela subida incessante das taxas de juro, talvez seja tempo de revisitar a nossa história e correr os Castelos de Almourol, Alvito, Guimarães, Marvão ou Óbidos; o Convento de Cristo de Tomar ou o Convento de Mafra; a Fortaleza de Sagres ou as Fortificações de Monsaraz; as Igrejas Portuenses de São Francisco e dos Clérigos (com a torre de Nasoni que serve de farol à Invicta cidade).
Pode também aproveitar esta oportunidade para voltar aos Mosteiros da Batalha, de Alcobaça ou dos Jerónimos; para conhecer o Paço Ducal de Vila Viçosa; para percorrer os Palácios de Mateus, da Pena ou de Queluz; para visitar a Torre de Belém ou o Templo Romano de Évora; para reviver a história de Conímbriga e sentir o pulsar da Universidade Coimbrã.
Se não tem tempo, recursos ou paciência para os itinerários “maravilhosos” do nosso País, resta-lhe sempre a possibilidade de voltar a redescobrir a Augusta cidade Bracarense: de conhecer a Fonte do ídolo e as Termas Romanas; de revisitar o Parque das Sete Fontes ou o Jardim de Santa Bárbara; de reviver a escalada ao Bom Jesus do Monte ou o cerimonial da Sé de Braga; de registar os postais arquitectónicos da Câmara Municipal de Braga, do Largo do Paço, do Hospital de São Marcos, dos Palácios do Raio e dos Biscainhos, do Campo Novo e de várias Casas com profundas raízes históricas.
Pode igualmente meditar na Igreja de S. Vicente, nos Congregados ou no Mosteiro de Tibães, nas Capelas de S. Frutuoso ou da Falperra, nas “catedrais” de outras fés do 1º de Maio ou da Pedreira.
Da mais relevante maravilha do património mundial, aos vários exemplares das nossas mais-valias locais, a verdade é que poucos são os turistas que se deixam levar pela capacidade de sedução de uma única fotografia de catálogo.
Se pensarmos naquilo que condiciona as escolhas dos nossos destinos de férias – para aqueles que não resistem a esta mortal tentação -, fica claro que para lá de um ou mais monumentos tem que estar sempre uma expectativa de bem-estar, um espírito de curiosidade, uma garantia de segurança, um mínimo de conforto, toda uma envolvente que nos surpreenda e que nos faça “chorar por mais”… até voltarmos, um dia.
Neste particular, talvez pudéssemos desmontar muitos destinos de sonho, elencando, tal como a ASPA fez em relação ao nosso Concelho, os vários Pesadelos que penalizam aqueles vários critérios de satisfação que antes enunciei.
Quem gostaria de visitar uma cidade com um urbanismo desregrado, sem espaços de fruição para a população e os visitantes, ambientalmente relapsa, patrimonialmente descuidada, com um mobiliário urbano de gosto esteticamente duvidoso, sem segurança no deserto urbano em que se transformam os seus vastos quilómetros de áreas pedonais, distante dos objectivos de valorização do seu comércio tradicional?
Se calhar, poderemos encontrar todos estes fenómenos nos mais movimentados destinos turísticos do nosso País ou na sombra de cada uma das Maravilhas da Humanidade.
E esse é talvez o maior incentivo para deitarmos mãos-à-obra e para sermos capazes de aproveitar muito melhor o potencial turístico da nossa Região.
À margem das guerras de capelas das coordenações, distante da lógica minimalista da Gestão local – que nem sequer consegue preservar os trunfos que todos os outros disputam -, cabe aos Bracarenses proporcionarem a cada visitante uma experiência inolvidável.
E, aí sim, eles vão voltar. E todos vamos ganhar…

1 comentário:

Anónimo disse...

Exelente. Parabéns.
GC