segunda-feira, 18 de junho de 2007

Europa Made in Portugal


“La construction européenne a eu plusieurs architectes. Maintenant, on a besoin de un vrais ingénieur”.

Comissário Europeu Anónimo


Portugal assume a 1 de Julho próximo, e até ao final do ano de 2007 a Presidência da União Europeia (UE), para assim dar início ao terceiro semestre em que exerce tais funções, dentro do actual quadro de rotatividade institucional da União e depois das Presidências de 1992 e do ano 2000.
Nas duas circunstâncias anteriores, Portugal assumiu-se como um importante catalisador de consensos entre os seus parceiros, conseguindo alcançar os principais objectivos de aprofundamento do processo de Integração Europeia a que se propôs.
Na memória de todos quantos acompanham estas matérias, ficará necessariamente o êxito da última Presidência, a qual deixou num dos principais projectos em curso na UE – a Agenda de Lisboa - a marca indelével do nosso País.
Desta feita, porém, apesar de Portugal ter também um seu cidadão na Presidência da Comissão Europeia – o que mais poderia potenciar o trabalho que será desenvolvido no próximo semestre -, existem sérios receios de que vários traços de carácter dos responsáveis do Governo Português possam pôr em causa o êxito desta nova Presidência.
As suspeitas de que esta poderá mesmo ser uma das mais polémicas e problemáticas Presidências da União Europeia poderão vir brevemente à estampa em diversos jornais internacionais, na sequência de um estudo eventualmente desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto Universitário Europeu de Florença.
De acordo com o documento que estes docentes poderão ter produzido, e com base no método de experimentação laboratorial suportada na simulação virtual de cenários, pela mera transposição da realidade presente e passada para os vários enquadramentos futuros, avizinha-se um período turbulento no seio da União, com a probabilidade de eclosão de vários conflitos e com a estagnação ou retrocesso de vários dossiers.
Tudo poderá começar com o desabafo supracitado de um certo Comissário Europeu, durante o intervalo para café de uma das reuniões do Conselho Europeu para a Educação, que poderá ter lugar no Porto, perto das instalações da Direcção-Regional de Educação do Norte.
Na sequência, um diligente colaborador deste organismo, necessariamente versado na língua francesa, irá imediatamente reencaminhar via SMS tais declarações para quem de direito, tomando-as como uma tentativa de achincalhar o Primeiro-Ministro Português.
Cumprida toda a tramitação hierárquica e processual e claramente instigados pelas declarações de Jorge Coelho em mais uma “Quadratura do Círculo” – “-Quem se mete com Portugal, leva!” – os Deputados Socialistas no Parlamento Europeu poderão imediatamente convencer os seus pares do PSE de que se impõe a demissão de tal Comissário, sob a ameaça de uma moção de censura a toda a Comissão Europeia.
À margem de tal contestação, os vários responsáveis europeus serão surpreendidos pela proposta do nosso Primeiro-Ministro de remeter à Polónia uma das versões traduzidas das obras de Dante, a cargo do também Deputado Europeu Vasco Graça Moura. A ideia será dar aos responsáveis Polacos 5 meses para proporem alterações ao texto em questão, sob pena de prevalecer a actual proposta de Tratado Constitucional que já mereceu o acordo dos demais Estados-membros. Aos mais incrédulos, José Sócrates irá mesmo afiançar: “-Se isto vai resultar na OTA, não havia de resultar aqui?”
No domínio das relações com Países Terceiros – outra das questões prioritárias da agenda da Presidência -, Portugal quase conseguirá dar início à Terceira Guerra Mundial. Tudo porque o Ministro Mário Lino irá aproveitar uma entrevista à Al Jazeera para dizer que o relacionamento com o Médio Oriente e o Magreb não é um problema para a União Europeia. Afinal, sustentará, “aquilo é um deserto, em que não há gente, não há escolas, não há hospitais, não há nada!”.
Em sentido contrário, o Ministro Manuel Pinho não hesitará em rotular de “muito importante”, a total abertura da Europa aos fluxos migratórios do Resto do Mundo, no decurso de uma visita à sede da Volkswagen em Wolfsburgo. Só aí, assegurará, “atingiremos um nível de desemprego tal em que os salários cairão o suficiente para sermos competitivos no plano internacional e para podermos fazer face à ameaça chinesa”.
Ao que parece, a Presidência Portuguesa também não ficará alheia à contínua ameaça da “Gripe das Aves”. Todavia, o Ministro Correia de Campos irá surpreender os seus parceiros europeus ao substituir um quadro com os custos de um programa de vacinação generalizada pelas contas das poupanças imputáveis aos vários Serviços Nacionais de Saúde da redução de utentes associada a uma pandemia de impacto médio.
Ainda de acordo com este eventual estudo, nem tudo será mau na Presidência Portuguesa. As áreas da Cultura, Ambiente, Agricultura, e Segurança Interna serão mesmo apontadas como aquelas em que não haverá qualquer retrocesso no próximo semestre.
Ao que consta, os responsáveis nacionais irão tentar participar nas Cimeiras Europeias mas ser-lhes-á vedada a entrada pela empresa de Segurança contratada pelo Governo Português. Segundo se lamentarão alguns dos profissionais envolvidos nesta situação embaraçosa, “aquela cara não lhe era nada familiar, tanto que nunca a tinha visto no Contra-Informação”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro amigo, a ironia é um instrumento que usas com mestria. Muitos parabéns. Sinceros.
GC