Olho na bola
Tantas e tantas vezes tenho promovido nestes textos incursões no mundo futebolístico de cariz marcadamente económico, situação essa que hoje volto a reeditar por duas ordens de razões.
Em primeiro lugar, porque numa altura em que as questões do défice das contas públicas e do Orçamento de Estado para 2010, das práticas e análises das agências de rating internacionais, da discussão da Lei das Finanças Regionais, da situação dos clientes do BPP e outras matérias análogas dominam a actualidade informativa, cabe a qualquer colunista como eu ter o bom senso de propiciar aos seus leitores momentos lúdicos que os distraiam destas duras realidades.
Além de serviço ao público-alvo, esta atitude é também de serviço público, recolhendo seguramente a simpatia do Governo da Nação e demonstrando que certos profissionais dos media mais inconvenientes só têm chatices porque querem.
Em segundo lugar, porque não posso deixar de registar como curiosas e relevantes neste enquadramento as circunstâncias que envolvem as duas colectividades de que estou emotivamente mais próximo: o Sporting Clube de Portugal e o Sporting Clube de Braga.
No primeiro caso, atente-se à recente inversão da estratégia de gestão que, desde os tempos do Projecto Roquete, enfatizava a vertente da sustentabilidade económica e financeira em detrimento de uma total e quiçá infrutífera aposta no êxito desportivo pleno.
Para lá da realidade das modalidades amadoras, a componente de futebol profissional sofreu com a quase total retracção do investimento, a “sobrevalorização” e “sobre-utilização” (por vezes precoce) dos produtos da notável Academia que criou e que é internacionalmente reconhecida, contentando-se os “clientes” com os desempenhos acima do provável e abaixo do desejável deste “Grande” em versão “loja dos trezentos”.
Neste cenário, os indicadores financeiros acabaram por não ser muito positivos e o Clube/Sociedade confrontaram-se com a degradação das suas condições económicas, pontualmente atenuada pelos encaixes das vendas dos seus principais activos ou de fontes de receita extraordinária, como o recente acordo com a Câmara Municipal de Lisboa.
Em Janeiro, num quadro de superior degradação do desempenho desportivo na presente época, a SAD abriu os cordões à bolsa e assumiu-se como o maior investidor em todo o panorama europeu.
Todavia, a hesitação em vários negócios após o ímpeto inicial (o caso de Ruben Micael será porventura o que teve/terá consequências mais gravosas) – porventura iludida pela recuperação nos resultados – levou a que a equipa esteja já arredada da luta pela vitória em duas das competições, enfrente um duro teste numa terceira e nem possa utilizar dois dos reforços contratados (os mais caros) na última. Preparação do futuro?
As analogias com a situação com que se confrontam inúmeras empresas no seu contexto concorrencial são evidentes, relevando a importância de se definir objectivos e actuar com racionalidade e coerência.
No caso do Braga, verifica-se uma situação inversa: o plano está traçado, tem vindo a ser cumprido com método (e êxito) ao longo das últimas épocas, sendo pautado por opções de gestão claras e materializadas em iniciativas atempadas e eficazes (o que não impede dissabores como a precoce eliminação da Liga Europa na presente época).
Se olvidarmos aqui o aparente descurar da vertente infra-estrutural (que consolidaria a criação de um património próprio e geraria condições de sustentabilidade adicionais), com o adiamento do projecto da Academia Desportiva inicialmente defendido pelo seu Presidente, os demais passos que conduziram à situação actual não foram fruto do acaso.
Aqui, a questão coloca-se sobretudo no domínio da envolvente externa, que condiciona o seu desempenho desportivo e o inerente potencial financeiro (para o Clube e para a Cidade/Região) a ele associado.
Estarão aqui asseguradas as condições de livre concorrência? Os últimos factos têm demonstrado precisamente o contrário.
Se em 2009, a equipa se confrontou com decisões de arbitragem totalmente equívocas nos jogos decisivos, perante os seus rivais directos, que a arredaram da luta pelos lugares de topo da tabela classificativa, em 2010 têm ganho relevo as decisões de secretaria nos mais diversos domínios.
Ora, se olharmos ao tratamento que é dado aos diferentes casos e incidências verificados, constatámos que só por um enorme acaso e graças a uma tenacidade sobrenatural, as suas pretensões poderão ser bem sucedidas. Afinal, quem prende os polícias?
O que, como hoje se diz em linguagem de Estado, é uma calhandrice, obviamente!
Em primeiro lugar, porque numa altura em que as questões do défice das contas públicas e do Orçamento de Estado para 2010, das práticas e análises das agências de rating internacionais, da discussão da Lei das Finanças Regionais, da situação dos clientes do BPP e outras matérias análogas dominam a actualidade informativa, cabe a qualquer colunista como eu ter o bom senso de propiciar aos seus leitores momentos lúdicos que os distraiam destas duras realidades.
Além de serviço ao público-alvo, esta atitude é também de serviço público, recolhendo seguramente a simpatia do Governo da Nação e demonstrando que certos profissionais dos media mais inconvenientes só têm chatices porque querem.
Em segundo lugar, porque não posso deixar de registar como curiosas e relevantes neste enquadramento as circunstâncias que envolvem as duas colectividades de que estou emotivamente mais próximo: o Sporting Clube de Portugal e o Sporting Clube de Braga.
No primeiro caso, atente-se à recente inversão da estratégia de gestão que, desde os tempos do Projecto Roquete, enfatizava a vertente da sustentabilidade económica e financeira em detrimento de uma total e quiçá infrutífera aposta no êxito desportivo pleno.
Para lá da realidade das modalidades amadoras, a componente de futebol profissional sofreu com a quase total retracção do investimento, a “sobrevalorização” e “sobre-utilização” (por vezes precoce) dos produtos da notável Academia que criou e que é internacionalmente reconhecida, contentando-se os “clientes” com os desempenhos acima do provável e abaixo do desejável deste “Grande” em versão “loja dos trezentos”.
Neste cenário, os indicadores financeiros acabaram por não ser muito positivos e o Clube/Sociedade confrontaram-se com a degradação das suas condições económicas, pontualmente atenuada pelos encaixes das vendas dos seus principais activos ou de fontes de receita extraordinária, como o recente acordo com a Câmara Municipal de Lisboa.
Em Janeiro, num quadro de superior degradação do desempenho desportivo na presente época, a SAD abriu os cordões à bolsa e assumiu-se como o maior investidor em todo o panorama europeu.
Todavia, a hesitação em vários negócios após o ímpeto inicial (o caso de Ruben Micael será porventura o que teve/terá consequências mais gravosas) – porventura iludida pela recuperação nos resultados – levou a que a equipa esteja já arredada da luta pela vitória em duas das competições, enfrente um duro teste numa terceira e nem possa utilizar dois dos reforços contratados (os mais caros) na última. Preparação do futuro?
As analogias com a situação com que se confrontam inúmeras empresas no seu contexto concorrencial são evidentes, relevando a importância de se definir objectivos e actuar com racionalidade e coerência.
No caso do Braga, verifica-se uma situação inversa: o plano está traçado, tem vindo a ser cumprido com método (e êxito) ao longo das últimas épocas, sendo pautado por opções de gestão claras e materializadas em iniciativas atempadas e eficazes (o que não impede dissabores como a precoce eliminação da Liga Europa na presente época).
Se olvidarmos aqui o aparente descurar da vertente infra-estrutural (que consolidaria a criação de um património próprio e geraria condições de sustentabilidade adicionais), com o adiamento do projecto da Academia Desportiva inicialmente defendido pelo seu Presidente, os demais passos que conduziram à situação actual não foram fruto do acaso.
Aqui, a questão coloca-se sobretudo no domínio da envolvente externa, que condiciona o seu desempenho desportivo e o inerente potencial financeiro (para o Clube e para a Cidade/Região) a ele associado.
Estarão aqui asseguradas as condições de livre concorrência? Os últimos factos têm demonstrado precisamente o contrário.
Se em 2009, a equipa se confrontou com decisões de arbitragem totalmente equívocas nos jogos decisivos, perante os seus rivais directos, que a arredaram da luta pelos lugares de topo da tabela classificativa, em 2010 têm ganho relevo as decisões de secretaria nos mais diversos domínios.
Ora, se olharmos ao tratamento que é dado aos diferentes casos e incidências verificados, constatámos que só por um enorme acaso e graças a uma tenacidade sobrenatural, as suas pretensões poderão ser bem sucedidas. Afinal, quem prende os polícias?
O que, como hoje se diz em linguagem de Estado, é uma calhandrice, obviamente!
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