segunda-feira, 30 de abril de 2007

O melhor local para trabalhar


A revista Exame dedica a sua edição de Maio à apresentação das 28 melhores empresas para trabalhar de acordo com os resultados de um estudo da Heidrick & Struggles, uma empresa multinacional de consultoria de recursos humanos.
Na base desta classificação está um vasto inquérito realizado junto de mais de 250 empresas candidatas, através do qual se procurou aferir do nível de satisfação dos seus trabalhadores e elaborar um relatório de diagnóstico dos principais pontos fortes e fracos da respectiva gestão dos seus recursos humanos.
Na análise efectuada procede-se à caracterização do perfil dos colaboradores das empresas candidatas (idade, sexo, nacionalidade, formação académica base) e à avaliação de diferentes domínios da sua política de recursos humanos, como o número de horas de formação por colaborador, as práticas inovadoras, a capacidade para incutir um sentimento de pertença ou para proporcionar a apreensão de conhecimentos aos seus colaboradores, o acesso à informação interna relevante, os princípios éticos vigentes na política de recrutamento, entre vários outros.
Neste âmbito, o estudo agora divulgado pela Exame chega a especificar dados curiosos como o número de mulheres em cargos de direcção, o número de saídas voluntárias e involuntárias de colaboradores (incluindo reformas) ou o número de colaboradores deslocados no estrangeiro.
No cômputo geral, o estudo enfatiza os méritos de empresas como a Microsoft Portugal, a RE/MAX Portugal, a Procter & Gamble, o Millennium BCP ou a A.T. Kearney, que coloca nos cinco primeiros postos do ranking.
Aliás, as primeiras empresas deste estudo são também aquelas que acumulam as Menções Honrosas para certas vertentes específicas como as Melhores Práticas de Desenvolvimento de Capital Humano (Microsoft), a Melhor Empresa para os Jovens Trabalharem (Procter & Gamble), a Empresa com a Cultura Corporativa mais Forte (A.T. Kearney), a Melhor Empresa-Escola (Roland Berger, 6ª do Ranking) e a Melhor Empresa para as Mulheres Trabalharem (Ericsson, 7ª).
O Millennium BCP é considerado como a Melhor Empresa Portuguesa, num ranking em que está acompanhado de mais 13 empresas de origem nacional, cobrindo diferentes sectores de actividade.
Curiosamente, mesmo nas 28 melhores empresas para trabalhar são apresentados diversos pontos negativos, que vão desde a política de remunerações, aos sistemas de avaliação de desempenho, à falta de transparência das progressões na carreira, à ausência de iniciativas de responsabilidade social ou às dificuldades criadas ao equilíbrio entre a carreira e a família por parte dos colaboradores.
Mais do que as posições relativas das empresas, são estes princípios inscritos no inquérito realizado que devem servir como guia para qualquer empresa ou instituição, pública ou privada, que queira afirmar-se pelas condições de trabalho que proporciona aos seus colaboradores.
Os princípios que, na óptica do Global Place to Work® Institute – uma outra consultora internacional de recursos humanos –, se podem agregar nos diferentes relacionamentos entre os colaboradores e a gestão, os colaboradores e as suas funções e a empresa e entre os diferentes colaboradores. Nestas três vertentes, o Global Place to Work® Institute enfatiza as dimensões da Confiança (traduzida em Credibilidade, Respeito e Justiça/Equidade), Orgulho e Camaradagem como elementos fundamentais dos melhores locais para trabalhar.
Segundo elementos estatísticos recolhidos a nível internacional, as empresas que melhor incorporam estes princípios nas suas práticas de gestão de recursos humanos vêem significativamente aumentadas as suas vantagens competitivas: i) recrutam colaboradores mais qualificados; ii) enfrentam um menor grau de rotação de colaboradores; iii) sentem reduções nos custos de saúde com o pessoal; iv) registam maiores níveis de satisfação dos consumidores e maiores níveis de fidelidade dos clientes; v) demonstram mais espírito inovador, criatividade e empreendedorismo; vi) beneficiam de maior produtividade e rentabilidade.
Há já vários anos, o Great Place to Work® Institute promove também a elaboração de rankings das melhores empresas para trabalhar, quer a nível internacional, quer a nível local, através das suas delegações nacionais, entre as quais o Great Place to Work® Institute Portugal.
Na Lista das 25 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal em 2007, que foi elaborada pelo Great Place to Work® Institute Portugal e publicada pelo jornal Público, a Cushman & Wakefield, a Microsoft, a Amgen Biofarmacêutica, a BMW Portugal e a Liberty Seguros assumiram os cinco primeiros lugares.
A Danone Portugal recebeu o Prémio Especial da Melhor Empresa para os Jovens Trabalharem, enquanto a Accenture foi considerada a Melhor Empresa para os Executivos Trabalharem.
Neste grupo restrito, com claro domínio para as filiais de multinacionais, realce ainda para a Bracarense DST – Domingos Silva e Teixeira, a 20ª do ranking e a Melhor Empresa para Trabalhar do Sector da Construção Civil e Obras Públicas.
Tudo isto, dirão alguns mais atentos à persistente conjuntura económica negativa, se não pensarmos que a melhor empresa para trabalhar é aquela em que… se pode continuar a trabalhar!

terça-feira, 24 de abril de 2007

As Novas Oportunidades


De entre os vários objectivos que são estabelecidos pela Estratégia de Lisboa da União Europeia, Portugal insiste em afirmar-se como um dos Estados-membros que apresenta piores resultados no domínio da qualificação dos seus cidadãos, com o que daí decorre em termos de perda de competitividade e produtividade face aos seus concorrentes europeus e internacionais.
Percebe-se, pois, que, quer nas prioridades da Governação para a presente legislatura, quer nos principais domínios de intervenção do novel Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), as questões da formação e da educação assumam um papel determinante.
Neste âmbito, Portugal depara-se com um desafio extraordinário: mais do que conseguir recuperar o atraso que ostenta face aos seus parceiros da União – num campo em que os novos aderentes assumem até a liderança destacada -, o nosso País tem que concretizar tal recuperação a um ritmo acelerado, muito superior à revolução geracional que normalmente seria necessária para consumar tal transformação.
Este esforço exige, pois, um claro compromisso por parte das entidades públicas e a inerente afectação de um volume de recursos significativo à prossecução dos objectivos traçados.
Da parte do actual Governo, têm sido várias as iniciativas que conferem um papel central à aposta na qualificação da população e ao reforço das competências dos activos, seja em medidas constantes do Plano Nacional de Emprego (como os apoios às políticas de formação contínua), seja em programas que caem sob a capa do Plano Tecnológico (como a inserção de jovens técnicos nas Pequenas e Médias Empresas ao abrigo do INOV-Jovem).
A este nível, a Iniciativa Novas Oportunidades acaba por configurar um invólucro mediático para um conjunto de medidas que já se encontravam no terreno ou que agora começam a ser implementadas.
No primeiro caso, referimo-nos aos Cursos de Educação e Formação de Adultos e ao Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), através do qual se procura facultar a progressão nos estudos a profissionais que entraram precocemente no mercado de trabalho e que apresentam baixos níveis de escolaridade.
Através da centena de Centros RVCC já espalhados por todo o País (agora designados de Centros “Novas Oportunidades”), procura-se medir e certificar as competências adquiridas pelos profissionais ao longo da sua vida activa, em contextos formais ou informais, estabelecendo pontos de partida para programas complementares de formação que possam assumir-se como uma mais-valia para o seu desempenho actual e para a sua empregabilidade futura.
No segundo domínio, destacam-se as iniciativas dirigidas à população jovem que frequenta o ensino secundário, disponibilizando alternativas que lhe permita concluir um mínimo de 12 anos de escolaridade, mas conferindo-lhe melhores condições de inserção no mercado de trabalho, através de formações de cariz profissionalizante.
Segundo dados do Governo, cerca de 3.500.000 dos actuais activos têm um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário, dos quais 2.600.000 inferior ao 9.º ano. Ainda, segundo fontes governamentais, cerca de 485.000 jovens entre os 18 e os 24 anos (o correspondente a 45% do total) estão hoje a trabalhar sem terem concluído 12 anos de escolaridade, 266.000 dos quais nem chegaram a concluir o 9.º ano.
A este nível, a iniciativa “Novas Oportunidades” estrutura a oferta em torno de oito modalidades de formação – Cursos Tecnológicos, de Aprendizagem, Artísticos Especializados, Profissionais, Científico-Humanísticos, de Educação e Formação, de Qualificação Inicial e Escolar e de Especialização Tecnológica – que se ajustam a distintas situações de partida e a diferentes vias de saída profissional.
No seu conjunto, o objectivo do Governo é fazer com que as vagas em vias profissionalizantes representem, em 2010, metade do total de vagas ao nível do ensino secundário, abrangendo um número total de 650.000 jovens em tais modalidades ao longo destes seis anos (2005-2010).
Para que tal seja possível, entende-se que não basta reforçar e estimular o alargamento da oferta formativa, pelo que se tem igualmente que concentrar esforços do lado da procura.
É neste âmbito que surgem as várias campanhas já no terreno e que se dirigem a estes diversos segmentos de população-alvo da iniciativa “Novas Oportunidades”, a mais recente das quais tem alimentado acesa polémica e induzido diversas tomadas de posição dos que contestam a “desconsideração por certas profissões” – aquelas a que seriam “condenadas” as figuras públicas envolvidas, se não tivessem terminado os estudos.
Se, por um lado, pode questionar-se se faz sentido desvalorizar ocupações de natureza menos técnica para promover o reforço deste tipo de formação, não deixa de ser verdade que o respeito por certas profissões também não as transforma em ideais de vida do cidadão-médio, o que pode justificar o recurso a tal “imagem-choque”.
O risco que o Governo corre é precisamente o contrário: o de que alguém lance uma “contra-campanha” com cidadãos anónimos que, ostentando as mesmas ocupações ou numa situação de desemprego, tenham concluído os estudos (secundários ou superiores).
E a esses, quem dá uma Nova Oportunidade?

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Euro-Regiões, Sim!


1. Numa altura em que o País parece ter despertado para aquilo que alguns já designaram como a nova “Primavera Regionalista” sucedem-se as tomadas de posição e as iniciativas conducentes à defesa de um novo processo de Regionalização.
De acordo com o Programa do actual Governo Socialista, esse processo continuará em banho-maria até à próxima legislatura, altura em que caso o actual Governo continue em funções será realizado um novo Referendo nacional.
Até lá, a intenção será ajustar a representatividade local dos Serviços Desconcentrados do Estado às cinco Regiões-Plano, fazendo coincidir tal divisão à actual esfera geográfica das cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Ainda segundo a estratégia do Governo, será também este o período necessário à conclusão do estertor do anterior pacote de descentralização (assente nas Comunidades Urbanas e em novas Áreas Metropolitanas), o que levará à adopção de um regime especial para as Grandes Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa.

2. A principal motivação que sustenta grande parte destas novas adesões e que, confesso, me faz aligeirar imenso a oposição a este processo que assumi em 1998, é a crescente evidência de que temos um País cada vez mais desequilibrado e centralista.
Não é sustentável, não é positivo para Portugal e não é, seguramente, aceitável para nenhum cidadão, que uma parcela sobremaneira exagerada da riqueza do País se concentre nas zonas envolventes à Grande Lisboa e ao Grande Porto, tanto mais que este fenómeno não ocorre por qualquer circunstância natural mas é antes consentido, quando não estimulado, pelos decisores do Poder Central.
Das meras decisões de organização administrativa dos serviços públicos à lógica de orientação dos maiores e mais relevantes investimentos do Estado, temos assistido impavidamente a um processo de concentração crescente de recursos que mais acentua as desvantagens competitivas das demais parcelas do território.
Pegando numa expressão muito em voga na campanha do Referendo de 1998, seria até caso para dizer que pior que “um País em retalhos”, será ter um País que se divide entre os fatos de gala das Metrópoles e os farrapos da Província…

3. Dito isto, não deixo de confessar que ainda tenho sérias dúvidas quanto à resposta à pertinente questão que se coloca neste domínio: Será o processo de Regionalização a solução para esta trágica tendência que assola o nosso processo de desenvolvimento colectivo? Hoje em dia, inclino-me para dizer que pode ser, mas, necessariamente, com outros protagonistas.
Em verdade, os maiores responsáveis pelo actual “estado de coisas” são os múltiplos protagonistas locais e regionais que sempre centraram as atenções nos seus próprios umbigos, que sempre conviveram bem com o mal daqueles que os rodeiam, que jamais deram um passo para estimular uma posição reivindicativa mais forte ou para promover uma iniciativa conjunta mais económica e eficaz, que se apressaram a contornar os canais de comunicação hierárquica para exigirem para si o que acabavam de concertar ir ser atribuído a outros…
Neste terreno tão fértil para o egoísmo, em que se pode com pequenas “cenouras” dividir para reinar, o Estado Central tem passado manifestamente incólume e ainda se dá ao luxo de fazer pequenos brilharetes pedagógicos, como os requisitos de planificação estratégica supra-municipal agora impostos no âmbito do QREN.

4. No actual cenário, todos os exemplos de que as atitudes e os resultados podiam ser bem diferentes com uma postura pró-activa de cooperação são de louvar e de replicar.
Deve, pois, assinalar-se as múltiplas iniciativas que vêm sendo desenvolvidas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), quer a nível interno, quer na articulação com a Xunta de Galicia, aqui ao abrigo do Plano Estratégico de Cooperação Galiza-Norte de Portugal para o período 2007-2013, em linha com os Programas de apoio à Cooperação Transfronteiriça da União Europeia.
Neste âmbito, as duas regiões vizinhas vão planificar e construir conjuntamente um vasto conjunto de equipamentos públicos, nas áreas da Saúde, Educação, Cultura e Desporto, racionalizando recursos e conferindo maior eficiência à sua dispersão territorial, bem assim como, partilhar a gestão de sistemas de transporte e os apoios ao tecido empresarial e à investigação científica.
No quadro do Plano agora divulgado na “Cimeira de Guimarães” da passada semana, cabem ainda projectos na esfera ambiental, na coesão social e nas acessibilidades, com destaque para a linha de Alta Velocidade entre Porto e Vigo, com escala em Braga (TAV).
A este nível, e voltando à questão inicial, alguém se acredita que teríamos TAV em 2013, se não fosse a fortíssima pressão exercida pela Xunta desde os tempos de Fraga Iribarne?

terça-feira, 3 de abril de 2007

As contas do Tribunal


Na semana que antecedeu a publicação do novo “Estatuto do Gestor Público” (Decreto-Lei nº 71/2007, de 27 de Março), que se pretende virá também clarificar a situação dos membros dos órgãos de gestão das Empresas Municipais e afins, o Tribunal de Contas (TC) publicitava um Relatório de Auditoria absolutamente arrasador para as práticas de remuneração praticadas na esmagadora maioria das empresas auditadas.
Este trabalho, que incidiu sobre os vencimentos e remunerações acessórias dos titulares do órgão de gestão de 31 das 107 empresas municipais que prestaram contas a este Tribunal nos exercícios de 2003 e 2004, revelou dados de tal forma desajustados da “austeridade” pública que suscitou comentários de veemente reprovação ao Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), o Social Democrata Fernando Ruas.
Ao Jornal de Notícias, o Presidente da Câmara Municipal de Viseu expressava a sua “surpresa” e a “condenação moral” pelas práticas dos seus colegas Autarcas que, segundo os dados deste Relatório, auferiam rendimentos manifestamente acima dos limites legais.
Após a leitura da auditoria do Tribunal de Contas, não se consegue perceber qual das situações era mais grave: se a ausência generalizada de definição de quaisquer critérios de recrutamento e selecção dos gestores municipais – que permitiu a nomeação de indivíduos sem qualquer experiência profissional comprovada -, se a atribuição de remunerações que compreenderam o pagamento de prémios de gestão a administradores de empresas que acumularam situações financeiras deficitárias.
De uma forma geral, os problemas elencados por este Relatório de Auditoria podem ser tipificados em três situações, as mais comummente verificadas nas empresas analisadas:
i) a existência de remunerações (vencimentos base e despesas de representação) que excediam os limites permitidos pela Resolução do Conselho de Ministros nº 29/89;
ii) o pagamento de vencimentos a membros dos Conselhos de Administração de Empresas Municipais que, em conjunto com os cargos que estes exerciam em acumulação, normalmente nos Executivos Municipais das Autarquias detentoras do capital das referidas Empresas, excediam 75% do vencimento do Presidente da República (incluindo despesas de representação);
iii) a atribuição de determinado tipo de regalias e remunerações acessórias que não se consideraram suportadas nas deliberações que instituíram os respectivos regimes remuneratórios (como o uso de viaturas, telemóveis, cartões de crédito e uma série de outras regalias).
À margem destes reparos encontravam-se ainda as práticas adoptadas por muitos dos titulares destes órgãos, que procuraram aproveitar certas inconsistências dos diferentes regimes legais aplicáveis para maximizar o seu nível de receita, algo tido por “moralmente condenável” pelo Presidente da ANMP.
Como é fácil perceber, este tipo de ocorrências perpassou por responsáveis de todos os quadrantes políticos e partidários, desde os membros do designado “Bloco Central”, até aos demais eleitos da Direita e Esquerda do espectro partidário, o que mais justifica os apelos à regulação destas situações por parte do Governo que o Tribunal de Contas formula nas conclusões do Relatório.
Neste particular, chegou a ser anedótico ver um ex-autarca comunista agora condenado a um período sabático pelo voto popular, defender-se dizendo que “apenas” auferia o equivalente a um vencimento e meio de um Vereador a tempo inteiro pelo cargo que exerceu durante o período de idílio com o poder socialista em funções. No fundo, um mero caso de conversão aos tristes hábitos da burguesia que nem sequer terá tido adeptos nos seus próprios camaradas…
Independentemente da gravidade dos factos enunciados, estamos já habituados a verificar que por mais contundentes que sejam as críticas formuladas pelo TC, os visados costumam passar totalmente incólumes ao juízo da opinião pública.
Ainda assim, não é aceitável que um Relatório de Auditoria desta natureza possa pôr em causa a dignidade e o bom-nome de pessoas e instituições sem estar totalmente fundamentado e imune a qualquer tipo de reparos.
Acontece que, relativamente a este Relatório em particular, e na sequência da divulgação das suas conclusões, foram públicas as críticas contundentes do Presidente da Câmara Municipal de Braga – uma das mais visadas no Relatório -, que considerou que o mesmo assentava num “erro de palmatória dos Auditores do Tribunal”, e que os mesmos careciam de uma “reciclagem matemática”, por não terem sabido interpretar os dados enviados pela Autarquia.
É óbvio que a Autarquia Bracarense contribuiu decisivamente para a sua exposição pública a estas alegadas denúncias ao não ter evidenciado o possível erro no contraditório que enviou à versão provisória do Relatório (quando “os serviços estavam de férias”), nem em momento imediatamente posterior, nem mesmo depois da recepção da versão final do Relatório de Auditoria, em Janeiro último.
Mesmo assim, cada dia que passa na ausência de uma confirmação ou rectificação clara dos dados que agora apresentou por parte do Tribunal de Contas – e já lá vai mais de uma semana – vai minando o rigor, a isenção e a credibilidade deste Tribunal. Até quando?